Texto Base: 1SAMUEL
2:2-14,17,2-25
“Instrui o menino no caminho em que
deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele”(Pv 22:6).
INTRODUÇÃO
Criar filhos não é uma tarefa fácil e
exige muita determinação para que pais não acabem negligenciando suas
responsabilidades. Muitos pais reclamam da rebeldia de seus filhos: crianças
que não querem estudar; adolescentes que fogem da escola; jovens e adolescentes
que se envolvem com as drogas. Some-se a isso, também, as facilidades para
relacionamentos sexuais ilícitos; a influência nociva dos meios de comunicação
de massa; dentre outras questões graves de nossos dias. Mas, devemos também
olhar o outro lado da moeda, e lembrar do afrouxamento do controle do
comportamento dos filhos por parte de pais que não querem provê-los de uma
educação responsável. O fato é que filhos-problemas podem revelar a existência
de pais-problemas. A psicologia tem mostrado que quando um filho se envereda
pelo caminho das drogas, a família já ficou doente antes. Segundo o psicólogo
Vicente Parizi, especialista em psicologia transpessoal, "numa família
saudável ninguém usa drogas ou abusa do álcool" (Ultimato,
nº 282, pág. 14).
A ausência de regras – disciplina –
no lar, a falta de liderança paterna ou liderança dividida, a permissividade, a
passividade, a cumplicidade, entre outros, incluem-se nas barreiras que
contribuem para a desestruturação do lar e manifestação de rebeldia por parte
dos filhos. Lares instáveis tendem a produzir filhos instáveis(irritados,
rebeldes). É útil refletir, acuradamente, em 2Samuel 11-17, observando as
consequências desastrosas dentro da casa e do reino de Davi, resultado do
desequilíbrio familiar, ou seja, ausência da presença paterna, ausência de
disciplina. Os filhos devem receber instrução espiritual adequada e progressiva
para aprender a colocar sua fé em Deus e não se tornarem desobedientes,
teimosos e rebeldes (ler Dt 6:6-9).
I. A DISCIPLINA EVITA A REBELDIA.
Em Efesios 6:4 Paulo inspirado pelo Espírito Santo adverte: “E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na
disciplina e admoestação do Senhor”. Provocar a ira aos
filhos pode ser objetiva como: responder mal; não dar a atenção requerida; não
respeitar o cônjuge e assim despertar a revolta; dentre outros casos, mas, pode
ser também indireta como: ser irresponsável e não contribuir para a boa formação
do caráter e do futuro do filho, ou mesmo prejudicar seus sonhos por meio de
comportamentos inadequados.
Ser pai não é sinônimo de sisudez,
endurecimento, dura cerviz, formalidade. Pode-se ser um bom pai e ainda assim
ser amigo, leal, brincalhão, recreativo. Pode-se e deve-se exercer a disciplina
com autoridade e nem por isso se perderá a simpatia e a amizade do filho. Toda
criança sabe quando erra e quando está a merecer um
castigo. Saber aplicá-lo na dose certa, na hora certa e com amor, será muito benéfico
para a formação de seu caráter. Como diz o provérbio: "O que retém a
vara odeia a seu filho, mas o que o ama a seu tempo o disciplina" (Pv
13.24). E o filho sabe disso.
1. O que é disciplina? No Antigo Testamento, a palavra “disciplina” é “musar”, palavra
que significa “correção”, “ensino”, “instrução”, “castigo”. As 03 primeiras referem-se a
orientação para que não se cometa erros, e a última refere-se a correção pela
infração cometida. Em Provérbios 23:13, está relacionada com uma vida regrada,
que segue os parâmetros estabelecidos por alguém, neste caso pelos pais.
Em o Novo Testamento, a palavra
“disciplina” aparece em Cl 2:23 traduzindo a palavra grega “apheidia”,
cujo significado é “severidade”, “tratamento duro”, expressão que o apóstolo
aplicara para as práticas ascéticas seguidas pelos gnósticos que estavam
perturbando a igreja em Colossos. Já em Hb 12:8, a palavra “disciplina” traduz
a palavra grega “paidéia”, palavra que corresponde ao hebraico “musar” e cujo significado é “instrução”, “disciplina”, “castigo”.
É bom ressaltar que disciplinar não é
castigar o filho de forma irresponsável. Disciplinar é estabelecer limites,
parâmetros, para as atitudes da criança. Pais sábios são aqueles que dizem que
já está na hora de desligar a televisão, de desligar o videogame, que impõem
limites a seus filhos quando eles ainda são pequenos. O amor jamais pode impedir a imposição de limites. Lemos na Bíblia que o
bom pai corrige o filho a quem ama (Pv 13:24).
A maioria dos casos de crianças
rebeldes é culpa dos pais que não sabem lidar com elas desde pequenas e as faz
tornarem-se malcriadas. Isto é muito ruim, pois para tudo tem o seu tempo. Há
crianças que assistem os desenhos animados (muitos deles altamente prejudiciais
à formação do seu caráter, pois há neles mensagens subliminares) o dia inteiro,
brincam de videogame o dia inteiro, com a devida permissão dos pais. Isso não
poderá acontecer, pois é necessário estabelecer horários e limites. Para tudo
há o tempo certo: para tomar café, para almoçar, assistir televisão, escovar os
dentes, brincar, entre outros. É necessário regras e limites que sejam
respeitadas desde crianças, pois quando crescerem eles continuarão a saber
obedecer as autoridades e limites colocados pelos pais.
Sabe por que tem pais que chegam para
o pastor dizendo que não aguentam mais o filho, que o filho não tem mais
respeito por eles? É porque quando o filho tinha 4,5,6 ou 7 anos, eles não o
ensinaram a respeitá-los, e, se essa falta de respeito começou quando o filho
era ainda uma criança, é evidentemente que com 15 anos ele não vai
respeitar e reconhecer a autoridade dos pais.
Certamente você já viu alguma mãe
dizer: - “Menino, você me obedeça senão eu vou aí, heim? Vou lhe bater!”. O
menino continua fazendo o que estava fazendo enquanto pensa: - “Ela não vem.
Ela nunca me bateu, e não será agora que fará alguma coisa. Minha mãe não é de
nada “. Pais ou mães assim batem mais com a boca, porém na verdade não fazem
nada, nunca dão uma ”chineladinha” na criança. Só ficam na promessa.
Não se esqueçam de que as crianças
percebem e tiram proveito desse tipo de situação. Se os pais continuarem agindo
assim, suas crianças vão usar e abusar da ingenuidade e falta de pulso e
determinações deles.
Se desde cedo não for estabelecido
limites para a criança, quando ela crescer irá para o convívio social pensando
que o mundo é a casa dela. Vai achar que não precisa respeitar ninguém,
obedecer, até se desmoronar moralmente e socialmente um dia.
Portanto, ensine ao seu filho que o
mundo não é nossa casa, e as pessoas não são tolerantes, pacientes e
compreensivas como os pais costumam ser. No mundo, dependendo de quem a pessoa
desrespeitar, pode até ser morta.
2. O porquê da disciplina. No item anterior já está subjacente o porquê da disciplina. Sem a
disciplina adequada, sem a determinação de limites, parâmetros, a criança, o
adolescente, o jovem, tenderão a serem filhos desobedientes, instáveis,
rebeldes. Muitos pais receiam estabelecer regras ao comportamento de seus
filhos. Pensam que trarão ressentimentos nos filhos, chegando até mesmo a
odiá-los. Isso não é verdade, desde que os pais sejam sábios e equilibrados na
aplicação da disciplina.
Paulo inspirado pelo Espírito Santo
adverte: “E vós, pais, não
provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do
Senhor”(Ef 6:4). Disciplina inclui correção tanto verbal quanto corporal. Admoestação tem o sentido de alertar, censurar e
repreender. A educação das crianças deve ser “no Senhor”,ou seja, de
acordo com a sua vontade conforme revelada nas Sagradas Escrituras.
Suzana Wesley, mãe de dezessete filhos,
entre eles John e Charles Wesley, disse: “O pai que tenta subjugar a vontade
do seu filho trabalha com Deus em prol da renovação e da salvação da sua alma.
O pai que é indulgente diante dela faz o serviço do Diabo, torna a religião
impraticável, põe a salvação fora do alcance da criança e faz o possível para a
condenação do filho em corpo, alma e espírito”.
Sem a disciplina, necessidades não
são satisfeitas. “O que retêm a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama,
cedo, o disciplina”(Pv 13:24). A base de todo o relacionamento no lar é o
amor – inegavelmente, a maior carência a ser suprida. Todavia, algumas outras
necessidades como segurança, disciplina, limite, estímulo, quando não são
atendidas, promovem a desestruturação dos filhos e
facilitam o surgimento de rebeldia. “É bom corrigir
e disciplinar a criança. Quando todas as suas vontades são feitas, ela acaba
fazendo sua mãe passar vergonha”(Pv 29:15, NTLH).
3. Os pais devem disciplinar. “Pondes, pois, estas minhas palavras no vosso
coração e na vossa alma... e ensinai-as a vossos
filhos...”(Dt 11:18-19). Este imperativo é de
Deus para os Pais. Os avós, as tias, o
professor da Escola Dominical, o pastor – todos podem ajudar, mas, a responsabilidade é dos pais, e será cobrada deles, por
Deus, em caso de omissão ou negligência.
Toda criança precisa de regras, os
pais precisam ser firmes e o sim tem que significar sim e o não tem que
significar não. Ter dó da criança e não aplicar a disciplina devida, poderá
influenciar no futuro dela ou do adolescente e fazer dele um rebelde e sem limites. Mas, os pais precisam aprender a
aplicar e exercer uma autoridade com base nos princípios bíblicos. Há uma imposição divina para que os pais “intimem” seus filhos a
respeito da Palavra de Deus(Dt 6:7), ou seja, que usem de sua autoridade para
chamar seus filhos ao conhecimento da verdade, para o conhecimento da
vontade do Senhor para nossas vidas. As Escrituras
Sagradas são proveitosas para muita coisa, inclusive para: ensinar, repreender,
corrigir, instruir em justiça (2Tm 3:16).
O que pode tornar um filho rebelde é muito mimo pelos pais, fazer tudo o
que a criança pede, medo de dizer não a ela. Isto tudo não é uma boa educação,
ou seja, os pais precisam saber educar os filhos corretamente, para que quando
eles crescerem, os pais não ficarem nas mãos dos filhos.
Quando pequenos, os pais tem mais
controle sobre as situações e atitudes e é neste momento que deverão educar bem
os filhos, pois quando eles se tornam maiores e adolescentes, querem fazer o
que vem à cabeça, seja por influências dos colegas ou até mesmo do modismo e
fica mais difícil tentar educar quando grandes, portanto, os pais deverão
educar mantendo o controle quando eles estão ainda pequenos e não achar tudo
bonitinho.
Os seguintes fatores devem sem
observados:
a) Demonstrar afetividade e empatia. Nada funcionará bem se as necessidades afetivas não forem satisfeitas. Na criação de filhos, tudo depende do relacionamento de amor existente
entre o pai, a mãe e a criança. Somente a criança que se sente bem amada
poderia ser feliz e ter um desenvolvimento normal equilibrada. Os pais precisam
demonstrar amor ao filho e expressá-lo verbalmente. A criança, nessa idade,
precisa do contato físico: colo, abraço, beijo, caricias. Jesus, conhecedor
profundo do sentimento humano, tomou as criancinhas no colo, impôs-lhes as mãos
e as abençoou (Mc 10:14-16).
b) Clarividência e firmeza na
disciplina. A criança precisa de disciplina
familiar, cujas normas devem ser colocadas de modo claro, simples, conciso, com
objetividade, com ternura, mas com firmeza. É preciso que haja autoridade de
quem corrige a criança e coerência nas normas disciplinares. A disciplina
correta e coerente demonstra o amor dos pais. Há necessidades que a criança
aprenda a obedecer agora, para obedecer sempre. Exigir obediência é prepará-la
para a vida. É obedecendo aos homens que se aprende a obedecer a Deus.
c) Não descuidar do ensino da Palavra
de Deus. Ele deve ter inicio na mais tenra
idade, com um acompanhamento contínuo durante todo o processo da evolução
biológica, psicológica, social e espiritual. O escritor de Provérbios
recomenda: “Instrui a criança no caminho em que deve andar, e até quando
envelhecer não se desviará dele”(Pv 22:6). A criança tem a capacidade para
entender e experimentar o amor de Deus. Ela aprende ouvindo, vendo e seguindo
os passos dos mais velhos.
A Escola Bíblica Dominical é a e
melhor formadora de caráter. Portanto, nunca deixe de levar a criança a EBD. Se
na sua igreja não há EBD, procure uma igreja que tenha, e leve o seu filho,
desde criancinha, na mais tenra idade, pois quando estiver grande dificilmente
se desviará dos caminhos do Senhor, pois terá um caráter solidificado, que
refletirá o caráter de Cristo (Gl 5:22).
d) Ter regras disciplinares bem
definidas e explicadas. Na família deve haver normas, leis,
limites, regras justas que precisam ser anunciadas, explicadas e cumpridas: o que
pode, o que não pode; quando pode, quando não pode; por que pode, por que não
pode. É preciso buscar um ponto de equilíbrio. A liberdade excessiva produz
adulto sem noção de limite e responsabilidade. Os pais que dizem “sim” para
tudo estão criando seu filho fora da realidade. Fora do lar não é assim que
funciona. A forma mais prejudicial de relacionamento entre pais e filho é a
permissividade exagerada que leva o adolescente à libertinagem. O filho corre a
rédeas soltas: faz o que bem entende. Uma criança ou adolescente não tem
capacidade de educar a si mesmo e preparar-se sozinho para os desafios da vida
adulta.
e) Ser o exemplo para os filhos. Cabe aos pais criar os filhos e ensiná-los com seus exemplos de vida. O
melhor exemplo para o filho não é o que o pai e a mãe falam, mas o testemunho
que dão de respeito e, esse exemplo fará o filho(a) um vencedor ou um derrotado
na vida.
II. FILHOS REBELDES
A rebeldia dos filhos contra os pais
é um pecado grave. A rebelião é como o pecado da feitiçaria(1Sm 15:23).
Resistir a autoridade dos pais é resistir a autoridade de Deus. A autoridade
dos pais sobre os filhos é uma autoridade delegada pelos céus e não uma lei
imposta pela convenção ou conveniência da cultura humana. Deus espera que o
coração dos filhos seja convertido ao coração dos pais. Deus espera que a
família seja um lugar de vida abundante, de amor profundo, de diálogo
respeitoso, de comunicação transparente, de companheirismo sincero e
encorajamento recíproco.
1. Filhos que não ouviram seus pais. Não há nenhuma garantia de que pais que são fiéis nos caminhos do Senhor
terão filhos que os imitarão. Por mais que se utilize princípios bíblicos na
criação dos filhos, deve-se lembrar de que eles fazem suas próprias escolhas, e
de que são responsáveis por elas. Encontramos na Palavra de Deus alguns casos
de filhos que foram rebeldes, que foram desobedientes aos seus pais, mesmo
sendo estes fiéis ao Senhor.
a) Caim. Caim era o filho primogênito de Adão e Eva, portanto deveria ser uma
pessoa que tivesse um relacionamento especial com Deus, vez que toda a
humanidade estaria sob sua influência e domínio. Contudo, a Bíblia nos mostra
que Caim preferiu afastar-se de Deus e toda a civilização nascida deste homem
acabou por perecer.
Caim foi recebido em seu lar como uma
bênção de Deus e assim poderia ter sido se tivesse buscado servir a Deus.
Todavia, a Bíblia relata que seu modo de vida não era agradável a Deus e, por
isso, Deus não aceitou a oferta apresentada por Caim. A rejeição da oferta de
Caim não decorre do fato de ter sido feita de vegetais ou de ter sido uma
oferta incruento, mas a Bíblia é clara ao afirmar que Caim era do maligno(1João
3:12), ou seja, não tinha um coração temente e submisso a Deus e, por isso, não
teve aceita a sua oferta. A Bíblia nos mostra que Deus observa o coração do
ofertante (Is 1:2-20; Mt.5:21-26).
Caim possuía um caráter insubmisso à
vontade de Deus, motivo pelo qual Deus não Se agradou da Sua oferta. Senão
vejamos:
a) Caim era indiferente a Deus. A Bíblia nos relata que, enquanto Abel trouxe o que tinha de melhor para
ofertar ao Senhor, ou seja, os "primogênitos de suas ovelhas e sua
gordura"(Gn 4:4), Caim trouxe "uma oferta ao Senhor"(Gn 4:3).
Isto demonstra que Caim não dava valor ao relacionamento com Deus, tratava-o
como algo comum e sem importância. Deus requer um comportamento contrário a
este (cf Dt 6:4-6; Mt 22:36-38,40).
b) Caim era egoísta. A Bíblia relata que Caim, ao ver que Sua oferta não foi aceita, teve seu
semblante descaído e passou a ter ódio de seu irmão, ódio que não diminuiu nem
mesmo quando Deus lhe prometeu aceitar sua oferta se não deixasse ser dominado
pelo pecado. A inveja que teve de seu irmão é consequência de um pensamento em
torno de si mesmo. Em momento algum, vemos Caim se preocupando com o próximo,
mas unicamente consigo (Gn 4:13,14). Indagado sobre Abel, Caim diz ao próprio
Deus: "sou eu guardador do meu irmão?". Deus requer um comportamento totalmente distinto (Lv 19:18; Mt 22:39,40;
Rm 12:9,10).
c) Caim era incrédulo. A Bíblia relata que Deus, ao perceber que o semblante de Caim havia
caído, prometeu-lhe aceitação caso houvesse mudança de comportamento(Gn 4:7).
Mas Caim preferiu matar Abel a crer nas palavras divinas. Sem fé não se pode
agradar a Deus (Hb 3:18,19; 11:6).
d) Caim se achava auto-suficiente. Caim era mau (1João 3:12) e assim prosseguiu, mesmo tendo sido alertado
por Deus. Mesmo depois de ter sido sentenciado pelo Senhor, mesmo recebendo Sua
proteção pelo "sinal", afastou-se de Deus(Gn 4:16), passando a viver
uma vida alheia a Deus, como demonstra a sua descendência. Esta
auto-suficiência do homem, esta recusa em viver na dependência de Deus é o
caminho para a destruição. É a demonstração da soberba, prenúncio do fracasso e
da destruição (Gn 3:6; Is 14:14; 1João 2:16,17).
e) Caim era enganador. A Bíblia relata que Caim chamou a seu irmão Abel para que fossem ao
campo, onde o matou, ou seja, Caim agiu de engano e foi traiçoeiro para com seu
irmão. A mentira é algo próprio do maligno e quem a ama ou a comete, não tem
parte alguma com Deus, que é a Verdade(ver João 8:44; Ap 21:8,27).
Portanto, “Caim e seus descendentes
foram os cabeças da civilização humana até hoje desviada de Deus. A motivação
básica de todas as sociedades humanistas está em superar a maldição, buscar o
prazer e reconquistar o 'paraíso' sem submissão a Deus. Noutras palavras, o
sistema mundial fundamenta-se no princípio da auto-redenção da raça humana, na
sua rebelião contra Deus..." (Bíblia de Estudo Pentecostal, Gn 4:16, p.39).
b) Hofni e Fineias. “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não conheciam o
Senhor”.“Belial”, um termo hebraico que literalmente significa “sem
valor, imprestável”, mas que é aplicada no sentido de iniquidade. Isso
significa que os filhos de Eli eram homens maus, rebeldes, obreiros degenerados
na casa de Deus, que se aproveitavam da sua posição para obter ganho ilícito e
praticar imoralidade sexual(1Sm 2:13-17,22). O pai deles, Eli, sumo sacerdote e
juiz, não os disciplinou, nem os destituiu do sacerdócio (ler 1Sm 2:29).
Eli teve dificuldades para educar
seus filhos Hofni e Fineias. Aparentemente, ele não tomou qualquer atitude para discipliná-los, ao
tomar conhecimento de seus erros. Mas Eli não era só um pai que tentava lidar
com seus filhos rebeldes; ele era o sumo sacerdote que ignorava os pecados dos
sacerdotes sob sua jurisdição. Como resultado, o Senhor executou a disciplina
necessária no lugar de Eli (1Sm 2:29-34). Ele foi culpado por honrar seus
filhos acima de Deus, ao permitir que eles continuassem com seus modos
pecaminosos.
Observando o juízo que o próprio Deus
fez do sumo sacerdote Eli com relação à falta de cuidado com suas obrigações de
pai - “e ele os não repreendia”(1Sm 3:13) -, notamos a indignação do
Senhor contra o pecado do relaxamento e da negligência dos pais que agem de
igual modo diante de tão grande e sublime tarefa. A Bíblia inteira destaca a
necessidade da santidade e do temor a Deus, como seu padrão para quem lida com
o seu povo (cf 1Tm 3:1-10).
c) Absalão. Absalão se tornou inimigo do próprio pai.
Durante anos, agiu como um filho rebelde, desrespeitando o pai, Davi, o rei de
Israel, e pior ainda, desrespeitando o próprio Senhor. Davi desejava a comunhão
eterna com Deus, e certamente queria a mesma salvação para os seus filhos. Mas
Absalão não deu valor à palavra de Deus e não buscou as bênçãos espirituais que
seu pai tanto ansiava. Absalão se mostrou um homem, rebelde, vão e carnal, e
jogou fora a sua vida na busca por satisfação passageira.
Quando Davi soube da morte de
Absalão, toda a esperança por aquele filho rebelde morreu. Até aquele momento,
ainda alimentava a esperança, como fazem todos os pais de filhos desobedientes,
do arrependimento e volta de Absalão. Mas a morte é o fim. Não teria outra
chance. Não existe a reencarnação, nem o purgatório, nem qualquer outra segunda
chance após a morte: “E, assim como aos
homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9:27). A notícia da morte de Absalão sinalizou, para muitos em
Israel, o fim do conflito e sofrimento que ele causou. Para Davi, trouxe as
profundas emoções de um pai que perdeu, para sempre, um filho.
É comum,
especialmente diante da morte triste de um filho como Absalão, procurar
explicações para justificar sua trajetória à destruição. Muitos culpam a
sociedade, os pais ou o próprio Senhor. Sem dúvida, outros seres humanos, e até
os próprios pais, frequentemente contribuem ao fracasso de um filho. Mas tais
fatores não podem servir como desculpas ou justificativas. Apesar de qualquer
circunstância de sua vida e independente das falhas dos outros, Absalão foi
desobediente e rebelde. Ele tomou as decisões que o levaram ao fim trágico.
Teve muitas oportunidades durante vários anos para arrepender-se e
reconciliar-se com seu pai, mas não o fez. Poderia ter humilhado-se diante de
Deus, diante Davi, e diante do povo de Israel, mas não venceu seu próprio
orgulho e egoísmo. Absalão foi perdido porque ele foi rebelde.
2. As consequências da rebeldia. São inevitáveis e penosas. Observe que todas as personagens mencionadas
no item anterior foram punidas exemplarmente por causa dos seus atos de
rebeldia.
a) Caim, não poderia mais lavrar a terra e que fugitivo e vagabundo seria na
Terra(Gn 4:12). Deus o amaldiçoou em toda a Terra, retirou a sua
habilidade para o cultivo da terra e o sentenciou a uma vida como fugitivo e
errante (Gn 4:12). Toda a civilização nascida de Caim
acabou por perecer.
b) Hofni e Fineias, foram mortos por causa de seus pecados de rebeldia e desleixo com o
culto ao Senhor (1Sm 2:34; 4:11). A combinação do relaxamento de Eli com a
rebeldia, a obstinação e a teimosia dos seus filhos atraiu o juízo de Deus
contra o lar de Eli. Esta família sacerdotal foi excluída, para nunca mais
exercer nenhuma espécie desse ofício. Eli e sua casa perderam, em caráter
irrevogável, tal direito(1Sm 2:31-35; 3:12-14). Este fato denota a severidade
de Deus e a consequência dos descontroles na criação de filhos.
c) Absalão, sua rebeldia
causou terríveis resultados ao reino de Davi, seu pai. Seu egoísmo e sua
rebeldia chegaram ao ponto de forçar uma guerra civil que custou a vida de
20.000 homens (2Sm 18:7). Nesta guerra, as forças do rei mataram Absalão(2Sm
18:14,15). Esse jovem que tinha tudo para ser feliz, pois não lhe faltava
nada: poder, riqueza, posição social(era príncipe), era muito belo fisicamente.
Todavia, era egoísta, vingador, assassino, rebelde, imoral, desonrou seu pai.
Isso tudo causou-lhe a pior consequência: a morte prematura. Está escrito: “Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor, teu Deus, te ordenou, para que se
prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que te dar o Senhor”(Dt 5:16).
III. O QUE FAZER DIANTE DA REBELDIA DE UM FILHO
A rebeldia vem do ato de
desobediência, filhos que fazem escândalos e alguns até mesmo chegam a ficarem
agressivos com os pais ou familiares. Realmente esta situação acontece muito e
é preciso saber lidar com este tipo de acontecimento de maneira inteligente e
equilibrada.
Em primeiro lugar, não arrefeça a sua
autoridade paterna. E para que essa autoridade deslize
fluentemente pelo seu leito de realização é preciso que, primeiramente, os pais
estejam desfrutando de um relacionamento sadio, ordeiro, dinâmico e frutífero.
Esta harmonia entre marido e mulher será de grande valor para os filhos, pois
estes aplicarão às suas vidas o exemplo prático dado pelos pais. Aliás, ser
exemplo é questão sine qua non no lar. Sem o exemplo pessoal não formamos sadiamente o caráter de
nossos filhos. Não podemos errar neste ponto sob risco de por a perder todo o
futuro moral de nossos filhos. E, se isto ocorrer, já não mais adianta chorar o
leite derramado, como aconteceu com Davi em relação a seu filho Absalão (ler
2Sm 18:33). Como diz o ditado: "É mais fácil
construir um menino do que remendar um homem!". Então, enquanto há tempo e
possibilidade, saibamos investir seriamente na formação do caráter dos filhos.
Em segundo lugar, não marginalize o
seu filho, mesmo que você tenha feito tudo para criá-lo no caminho certo.
Demonstre amor e carinho incondicional por ele. A oração e o amor são pilares
fundamentais que os pais devem estear diante da rebeldia de um filho, que agora
se tornou adulto. Vale lembrar que nem sempre os pais erram nas suas obrigações
e, ainda assim, pode ocorrer que alguns de seus filhos não correspondam às suas
expectativas. Foi ocaso dos pais de Sansão (Jz 14-16), jovem obstinado e
desobediente que não seguiu a instrução de seus pais. Contudo, mesmo sofrendo consequências
graves(seus olhos foram vazados e tornou-se escravo, de forma vigiada, dos seus
inimigos), no final da sua vida ele voltou-se inteiramente ao Senhor, e suas
forças sobrenaturais foram restauradas, a despeito de sua morte física.
Em terceiro lugar, mantenha uma
comunicação clara e direta. Sem a menor sombra
de dúvida, o diálogo é um dos pontos mais importantes no relacionamento com o
adolescente ou o jovem que apresenta comportamento rebelde. Entre os pais e
filhos tudo pode, e deve, ser conversado. Deve ser uma comunicação sem
imposição de ideias, sem preconceitos, sem rancores. Os filhos precisam ter
abertura e confiança para segredar aos pais seus conflitos, suas fraquezas e
suas necessidades mais íntimas. Os pais precisam ter empatia e sabedoria, para
ver as coisas como os filhos as vêem, ajudando-os a superar suas dificuldades
na dependência do poder de Deus. Toda incomunicabilidade é um fracasso. A
ausência do diálogo na família significa uma falta imperdoável na educação dos
filhos. O diálogo aproxima o coração dos pais ao coração dos filhos. Dele
“nasce a luz”.
CONCLUSÃO
Quando se perde as rédeas da disciplina
familiar, seja porque a rebeldia dos filhos extrapolou os limites do aceitável,
seja porque os próprios pais não são exemplos a serem seguidos, então fica
difícil de se obter qualquer resultado positivo na vida de muitas crianças,
adolescentes e jovens.
Os pais devem ensinar os filhos a
honrarem-nos. Para que os filhos tenham longa vida na terra. Afinal a condição
de ter vida longa na terra é se submeter ao seu pai e a sua mãe. Filhos
rebeldes e desobedientes tem seus dias encurtados nesse mundo. O imperativo de
Deus é: "Honra a teu pai e a tua mãe que é o primeiro mandamento com
promessa, para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra” (Ef 6:1).
Que o Senhor nos dê a graça de vermos
uma geração de filhos que ousem obedecer e honrar a seus pais, para que vejamos
tempos mais venturosos na família, na igreja e na sociedade.
Blog de Luciano de Paula
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