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25 de março de 2022

UMA VISÃO BÁSICA PANORÂMICA DE A EDUCAÇÃO CRISTÃ

UMA VISÃO BÁSICA PANORÂMICA DE A EDUCAÇÃO CRISTÃ

A respeito da educação cristã, é um assunto muito importante e necessário nesses tempos difíceis, todo assunto voltado a educação e ao cristianismo sempre terá inimigos ferrenho, que vai da negligencia dos responsáveis a inimigos externos, como inimigo externo numero um temos o relativismo, o relativismo tem ganhado força junto a filosofia, (Relativismo é um termo filosófico que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto. Todo ponto de vista é válido. O relativismo coloca todos os tipos de análise, absurdas ou não, em igualdade de veracidade). Aonde os ensinamentos e valores bíblicos têm sofrido sérios ataques, em algumas vezes dizem que é antigo, retrógrado, ultrapassado, por isso falar da educação cristã faz necessário. Não podemos deixar de lado o inimigo interno, que é a negligencia, até sabemos o que fazer como fazer, os recursos necessários, mas, delegamos a outrem, a terceiros e de fato não assumimos nosso papel. A Natureza da Educação Cristã Comparada com a educação em geral, a educação cristã é uma forma particular de educar. Ela pode ser simplesmente definida como a instrução formal feita sob a perspectiva do cristianismo, buscando “o desenvolvimento da pessoa e de seus dons naturais à luz da perspectiva cristã, da vida, da realidade, do mundo e do homem”. De forma mais específica ela tem sido conceituada como “a tentativa de organizar sistematicamente o pensamento quanto à educação conforme os ensinamentos bíblicos que constituem a fé cristã ortodoxa”. Como disciplina pode se considerar a educação cristã como “o esforço deliberado, sistemático e sustentado, divino e humano, de compartilhar ou adquirir conhecimento, valores, atitudes, habilidades, sensibilidades e comportamentos que compõem ou são compatíveis com a fé cristã”.12 Subjacente a este entendimento encontra-se a convicção de que qualquer disciplina pode ser abordada e ensinada de uma perspectiva cristã se a análise parte das pressuposições bíblicas sobre o Criador, o homem e a natureza. De acordo com a cosmo visão cristã, o alvo do educador não consiste apenas da transmissão de conhecimento, mas requer a esperança de uma transformação do aluno a ser operada pela ação do Espírito Santo. A fim de atingir este objetivo, o educador cristão deve atentar para um esforço sistemático em termos de exposições seqüenciais e interações contínuas com seus alunos, sempre buscando refletir em seu procedimento as características de um discípulo de Cristo. Dessa forma, as definições acima enfatizam a agência divina e a intencionalidade humana como essenciais à perspectiva cristã sobre a educação. O que é a Educação Cristã e quais os exemplos dela? A educação cristã tem como proposta desenvolver processos de ensino e aprendizado de valores, crenças e práticas que estejam de acordo com os ensinamentos bíblicos. Ela pode ocorrer em diversos ambientes e nos mais diferentes cenários, especialmente nos tempos de internet onde o conhecimento parece não ter mais limites. Como pode ser organizada a educação cristã? Alguns poderão imaginar que a educação cristã é aquela que é desenvolvida nas escolas ou faculdades cristãs, através de currículos e cursos formais, na verdade ela vai muito mais além. É verdade que existem escolas confessionais que tem como proposta oferecer uma educação fundamentada nos valores cristãos. Isto é muito bom, e é uma pena que todas as escolas, inclusive as públicas, não façam isso. Mas a educação cristã pode ser definida e exemplificada de outra forma também. Três bons exemplos são: a Escola Bíblica Dominical, a educação doméstica e a literatura cristã Escola Bíblica Dominical A EBD - Escola Bíblia Dominical é uma importante reunião que ocorre geralmente nos domingos de manhã em todas as igrejas evangélicas. A EBD, como é conhecida, tem como finalidade proporcionar um ambiente colaborativo para o estudo da Palavra de Deus. Nela, pastores, professores, teólogos, pedagogos e alunos discutem a Bíblia, práticas cristãs, problemas da atualidade e outros assuntos de grande importância para o crescimento espiritual dos envolvidos. Cada igreja adota um modelo mais adequado às necessidades da sua comunidade. Na Assembléia de Deus, por exemplo, há diversas faixas etárias e cada uma tem um currículo específico. As crianças recebem uma atenção especial com salas para maternal, jardim, primário e juniores. As demais faixas são os adolescentes, jovens e adultos. Educação doméstica A educação doméstica é aquela que é feita em casa. Ensinar os filhos desde pequeno os valores bíblicos é uma das melhores estratégias para o desenvolvimento da educação cristã. Leitura da bíblia para e com as crianças, testemunho cristão dentro de casa, ensinar as crianças os valores cristãos e como aplicá-los no dia a dia, entre outros. Tudo isso pode ser feito naturalmente e continuamente. É importante que os país cristãos entendam que a educação começa e termina em casa, assim, cabe a esses não delegar para a escola a formação de seus filhos. A escola (secular) deve e precisa ser usada como apoio, sobretudo nas matérias relacionadas às áreas do conhecimento humano, como língua portuguesa, matemática, geografia, história, etc. Mas até esse conhecimento precisa ser acompanhado em caso, pois muito do que se aprende na escola é tendencioso, o estudo de história é um bom exemplo. Literatura cristã Outra forma recomendada para uma boa educação cristã é a leitura de bons livros cristãos. Digo bons, pois existem muita coisa não recomendada, mesmo sob o rótulo de literatura cristã. Um bom livro pode ajudar a ampliar os horizontes e a compreensão da mensagem bíblica para os nossos dias, por exemplo. Há muita interpretação errada, equívocos e em muitos casos até tentativa de usar o texto bíblico para manipular pessoas com interesses próprios. Assim, a leitura de bons livros podem nos ajudar muito no crescimento espiritual e melhorar nossa compreensão de mundo e do papel que temos de exercer. Você sabe qual o seu papel nesse contexto? .... Copilado por: Samuel da Silva

13 de maio de 2015

O casamento é digno de honra


Hebreus 13:4 diz que: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula...” É isso que Deus diz na sua Palavra. Não é isso que a sociedade diz. O versículo continua dizendo, “porque Deus julgará os impuros e adúlteros”.
"Entre todos” pode significar “entre todas as pessoas, “entre todas as coisas” ou “total ou completamente”. O “matrimônio” está livre das sanções de ascetismo por um lado e de comportamento lascivo da libertinagem do outro. “O leito” – e o relacionamento de confiança e amor que ele simboliza (Efésios 5:21; 1 Pedro 3:1-8) – deve ser respeitado e colocado como prioridade, “digno de honra”.
Deus julgará aqueles que o desonrem por impureza sexual geral ou relações sexuais, extra matrimoniais, impuros e adúlteros. Isso inclui os que têm casos extraconjugais (1 Coríntios 6:9-10). Inclui “matrimônios” que jamais deveriam ter sido consumados por causa de divórcios e segundo casamentos anti bíblicos (Mateus 19:9). Inclui aqueles que mantêm relações sexuais em “relacionamentos a longo prazo” sem o compromisso do casamento, pois são relações imorais. Inclui aqueles que são sexualmente imorais, mesmo sendo “maiores de idade” consentindo aos atos de fornicação (Gálatas 5:19-21). Inclui aqueles que estão em relacionamentos com pessoas do mesmo sexo, mesmo que alegam ser “monógamos e comprometidos” (Romanos 1:26-27).
O julgamento de Deus virá sobre todos esses como também os outros relacionamentos significantes que evitam o casamento, o relacionamento lícito de “marido e mulher”. Se quiser ter uma relação íntima dentro da vontade de Deus, você tem de fazê-lo num relacionamento heterossexual, comprometido e amoroso, monógamo e matrimonial (Gênesis 2:24; Mateus 19:9; Efésios 5:31). Ignorar até as leis de estados civis a respeito da solenidade dos votos matrimoniais a favor de “sabemos que estamos comprometidos um ao outro" não escapará o julgamento de Deus (Romanos 13:1).
Agora tal relacionamento no “matrimônio” deve ser “honrado por todos”. Há uma honra muito grande em estar casado. Eu sei que o casamento é um remédio amargo para alguns, cujas expectativas eram egoístas ou irreais. Eles ficaram desapontados que o “matrimônio” não cumpriu todas as suas fantasias douradas de todos os seus sonhos dourados, que a outra pessoa, com quem estão casados, não é igual a eles de todas as maneiras e às vezes é intolerável e insuportável.
O casamento é como um investimento na bolsa de valores a longo prazo, com altas e baixas pelo caminho. Mas é digno de honra se comprometer com uma pessoa para toda a vida, crescer juntos e interdependentes, construir o relacionamento com amor e dependência, envelhecer juntos e enfrentar o inverno da vida juntos. É um vôo menos romântico do que uma jornada cheia de desafios com topos de montanhas e o sol do deserto no caminho.
Mas alguns perguntam: “O que há de tão importante no casamento? Não vejo como um pedaço de papel pode fazer tanta diferença”. Estes mesmos críticos sabem a importância de uma carteira de habilitação, a certidão da escritura da sua casa, os documentos do carro em seu próprio nome, afirmando que o carro foi totalmente pago, o boletim de escola do seu filho, o consentimento a receber tratamento médico, o cartão do CPF, o extrato bancário e inúmeros outros “pedaços de papel” que formalizam, obrigam e simbolizam um relacionamento.
Alguns dizem “Mas olha para as estatísticas ruins sobre o matrimônio!" A taxa alta de divórcio que é freqüentemente citada é assustadora. E, deixe-me fazer a pergunta: Quais são as estatísticas de falha de uniões extra matrimoniais, outros relacionamentos não matrimoniais, e o grupo de “Eu não estou em nenhum relacionamento no momento, mas eu já estive no passado”? Resumindo, qual a porcentagem de falha daqueles que odeiam o “pedacinho de papel”? A minha suspeita é que a taxa de falhas destes relacionamentos seja bem maior do que a taxa de divórcio.
"É saber que a sua porta está sempre aberta e seu caminho livre para andar...” Meu “saco de dormir dobrado e guardado atrás do seu sofá” pronto para mim quando me canso de você e te deixo, mas você estará “bem na minha mente”. A música de John Hartford, um símbolo da visão dos anos 60 a respeito do casamento, odiava estar “algemado por alianças e palavras esquecidas, por manchas de tinta que se secou na mesma linha”. O próximo amante está esperando, talvez no fim da linha de trem, enquanto o anterior está “nas ruas do interior ao lado dos rios da minha memória que te mantém bem na minha mente.” Então havia o “cantaremos no sol, vamos rir todos os dias, cantaremos no sol, então eu me vou.” Traduzido, “Honraremos o amor livre, usar um ao outro para prazer sexual em fornicação, aproveitar, e aí procurar outro sol”. Isto é algo “digno de honra”? Ponha isso em contraste com o eterno “Você é o meu sol, meu único sol, você me faz feliz, quando o céu está escuro; você nunca irá saber, querida, o quanto eu te amo, por favor não tire o meu sol de mim”.
Vamos considerar a “honra” que deve ser dada ao casamento. A palavra timios no grego é traduzida como “precioso” ou “caro” em outros textos. Por exemplo, a fundação da cidade santa em Apocalipse 21:19 tem “pedras preciosas”. O sangue do Cordeiro perfeito de Deus, pelo qual nós somos redimidos dos nossos pecados, é “precioso” (1 Pedro 1:19). As promessas de Deus que nos motivam à piedade são “preciosas” (2 Pedro 1:4). Jesus, como a pedra viva e pedra angular, é “precioso” (2 Pedro 2:4-6). O “espírito suave e manso” de uma mulher cristã piedosa é “precioso” aos olhos de Deus (1 Pedro 3:4). E o “matrimônio e o leito matrimonial” são timios também. Não precisa de um estudioso para ver o valor que Deus dá ao casamento.
Considerem características honráveis do matrimônio:
1. A honra de obedecer ao mesmo Criador (Gênesis 1:26-27; 2:24).
2. A alegria de viver fora de si mesmo em uma parceria amorosa.
3. A alegria da intimidade completa– sexual, emocional e espiritual.
4. A segurança de um padrão de relacionamento provado através do tempo.
5. A sabedoria de viver corretamente.
6. Os prêmios de confiança e amor sem egoísmo.
7. A satisfação das necessidades mais profundas da humanidade.
8. Um ambiente bem-sucedido de apoio para passar pelas provas da vida juntos.
9. O exemplo para as gerações futuras e estabilidade social.
10. Uma resposta madura às obrigações de viver em harmonia um com o outro.
O matrimônio é para adultos. É trabalho sério. É uma lembrança contínua do significado de manter a sua palavra. Meus pais colocaram a sua certidão de casamento num quadro na parede do seu quarto. Eu lembro bem disso. Papel creme, letras enfeitadas, redondinhas, tinta vermelha dos lados, uma sombra de perfil de um homem e uma mulher, virados um para o outro, e palavras sérias sobre o que haviam feito e quando haviam feito. Eu olhava para isso como criança e me perguntava “por que colocaram esta coisa na parede aqui? Eles já sabem que são casados. Não é como se fosse um prêmio ou algo assim.” (Eu sei, criança estranha). Mas era um “prêmio” para eles por mais de 41 anos. Para eles não era apenas um pedacinho de papel. Enquadrava todo o seu jeito de lidar um com o outro e eles jamais queriam esquecer disso.
É assim com o matrimônio. Para aqueles que odeiam as “algemas” do casamento e as correntes que os unem, eu digo “AMADUREÇAM!" Às pessoas insatisfeitas com seus casamentos: Parem de procurar “o lado mais verde da cerca”, “amor mais livre” e “ligações sexuais perfeitas”. Considerem o matrimônio da maneira que Deus o pretendeu. Ele não exige que todos se casem nem condena aqueles que continuem solteiros. Ele não dá honra a todos os casamentos apenas porque os dois dizem “Eu aceito”. Mas aqueles que têm o direito de casar, que amam profundamente e sem egoísmo, que se comprometem “para toda a vida” um ao outro, nutrindo o seu relacionamento em temor ao Senhor, estes serão abençoados. E no fim do tempo, quando vocês tiverem vivido bem, amado bem e servido ao Criador juntos, vocês o ouvirão dizer “Vocês honraram o casamento e assim fazendo, me honraram e vingaram a minha vontade num mundo cheio de pecados. Bem feito, servos bons e fiéis. Entrem na paz do seu Senhor.” Não dá para ser melhor que isso.
–por Don Alexander

9 de maio de 2015

A condição das mulheres nos tempos de Jesus e sua inclusão como participante do Reino sob a perspectiva Joanina

RESUMO: As condições vulneráveis que as mulheres eram submetidas, nos tempos de Jesus são visíveis nos escritos sinóticos e no evangelho joanino. Um exemplo é o que relata João no episódio da Samaritana, sobre a admiração dos discípulos quando retornam da cidade e encontram Jesus falando com uma mulher, todavia nenhum lhe diz palavra alguma (cf. Jo 4. 27). A atitude dos discípulos reflete o desprezo dos judeus pelos samaritanos, sobretudo a atitude machista com relação às mulheres. Quando elas se encontravam em ambientes públicos, passavam despercebidas e as regras do decoro proibiam um homem de se encontrar sozinho com uma mulher. “Devia-se evitar olhar para uma mulher casada e até mesmo cumprimentá-la” (cf. Jeremias, 1983, p. 474). No diálogo com a mulher samaritana, a iniciativa partiu de Jesus. Com certeza uma postura que não seria da mulher. Ela tinha ciência de sua inferioridade social e das barreiras que a impediam de interagir espontaneamente.
Palavras Chave: Estudo Bíblico; Mulher, João.
1). CONDIÇÃO DE EXCLUSÃO E MARGINALIZAÇÃO
A mulher, entre os judeus, era não mais que um objeto pertencente ao marido, como seus servidores, suas edificações e demais posses legais. Ela devia ao esposo total lealdade, mas, por princípio, era considerada como naturalmente infiel, desvirtuada e falsa. Por esta razão, sua palavra diante de um juiz não tinha praticamente valor algum. Embora ela fosse obrigada a ser fiel ao matrimônio, o marido não tinha os mesmos deveres matrimoniais. Além de tudo, ele podia rejeitá-la por qualquer motivo, mesmo que, legalmente, não pudesse negociá-la como qualquer outra propriedade. Dificilmente a esposa poderia, por iniciativa própria, se desligar do casamento.
Uma mulher envolta em laços conjugais não podia jamais ser contemplada por outro homem, ou por ele ser abordada, mesmo que fosse para uma simples saudação. No interior da sociedade judaica, ela ocupava uma posição bem inferior à do homem. Até na esfera espiritual a mulher era considerada desigual, e para ela estava reservado um local à parte no templo, assim como era obrigada a caminhar, na rua, distante dos homens.
Legalmente ela era proibida de tudo e estava constantemente submetida a todas as punições civis e penais imagináveis, sujeita até mesmo à pena capital. Também nos momentos das refeições a mulher era isolada, pois ela não podia se alimentar ao lado dos homens. Assim, ela permanecia em pé, pronta para ajudar o marido a qualquer instante.
Normalmente as mulheres viviam reclusas em suas residências e as janelas, quase sempre, eram construídas com grades para que elas não pudessem ter seus rostos vislumbrados pelos passantes nas ruas. Se um homem tentasse se dirigir a uma mulher, cometia um pecado muito sério.
Por esta breve visão já é possível perceber o quanto Jesus, em sua época, revolucionou o tratamento oferecido pelos homens às mulheres. Um dos episódios mais chocantes do Evangelho é justamente aquele no qual Ele se dirige à mulher samaritana. Este povo era aguerrido adversário dos hebreus, desde a cisão entre as tribos de Israel.
Assim, ao se revelar claramente como o Messias para alguém desta comunidade, especialmente a uma mulher, Ele deixou tanto samaritanos quanto judeus perplexos. Além disso, Jesus mantinha, entre seus discípulos e seguidores, diversas mulheres, entre elas, Maria Madalena, vista com preconceito pelos judeus, que a consideravam uma traidora de seus princípios, como uma prostituta.
Não bastando isso, Ele curava indistintamente homens e mulheres, e procurava integrar socialmente aquelas que tinham sido excluídas. Ele até mesmo perdoou a mulher adúltera, a qual os judeus costumavam apedrejar até a morte. E foi justamente uma mulher que testemunhou sua Ressurreição, embora até os discípulos mais fiéis de Jesus encarassem suas palavras, inicialmente, com desvelado ceticismo.
Na época, mesmo a mulher não sendo infiel ao esposo, se este fosse dominado pelo espírito do ciúme, como está descrito na lei mosaica, sob o título de ‘A Oferta do Ciúme’, ele poderia levá-la diante do sacerdote, mesmo sem nenhum testemunho ou flagrante, e realizaria então esta oferta ritual. Desta forma, ela ficaria para sempre marcada e amaldiçoada diante da sociedade judaica.

O evangelista João no relato do encontro de Jesus junto ao poço de Jacó, ao referir-se à mulher, simplesmente a insere na narrativa como sendo a mulher Samaritana – talvez com o intuito de torná-la representante de toda a Samaria, pois ela permanece sem nome até o final da narrativa. Seu anonimato e a admiração dos discípulos ao retornarem da cidade e virem Jesus conversando com uma mulher (cf. Jo 4.27), denota todo o preconceito e discriminação que sofria a mulher nos tempos de Jesus:

A barreira do sexo: era mulher; barreira cultural: era ignorante, pois geralmente os rabinos proibiam que as mulheres recebessem educação - era preferível queimar a lei que ensiná-la a uma mulher; o preconceito social e religioso: era samaritana; a barreira do caráter moral: era pecadora (PEARLMAN, 1995, p. 51).

Esse preconceito estava fundamentado no Antigo Testamento que tinha percepções distintas para com o gênero feminino e masculino, como é o exemplo da “lei que condena a mulher adúltera a ser apedrejada. A poligamia é tolerada para os homens e até bem vista: Salomão tinha ‘setecentas esposas de estirpe principesca e trezentas concubinas’” (GANGE, 2007, p.24).
As mulheres, além de serem submissas aos homens, eram consideradas muito inferiores a eles. Tinham sido criadas por Deus com o propósito tão somente de procriar e servir ao homem. “Este era um forte motivo que levava o homem a agradecer diariamente a Deus por não ter nascido mulher, nem pagão, nem operário” (ROPS, 2008, p.147).
As mulheres tinham seus lugares separados no templo, nas sinagogas, e em suas próprias casas não podiam se sentar a mesa durante as refeições. Enquanto os homens comiam, elas deveriam servir a mesa. Passavam a maior parte de suas vidas nos ambientes domésticos e quando saiam de casa, nunca saiam sem véu para não se exporem (Bíblia da Mulher - Comentário, 2004, p. 1310). Isto se confirma no Antigo Testamento nos escritos de Ben Sirac e através das narrações de Tobias que apresentam a estrutura da família patriarcal como ideal, “projetando a posição do homem como atuante no espaço público e confinando a mulher ao espaço doméstico” (KESSLER, 2009, p. 218).
Segundo ensinamentos transmitidos de geração em geração, a mulher era vista como fonte sempre perigosa de tentação e pecado – foi ela que deu do fruto proibido ao homem causando-lhes a expulsão do paraíso. Os homens deviam aproximar-se dela com muita cautela. A isto se acrescentava toda regra de pureza sexual que via na mulher um ser totalmente impuro durante o período da menstruação e nos períodos pós-parto. Pessoas e objetos por ela tocados ficavam conseqüentemente contaminados e impuros, razão pela qual as mulheres eram excluídas do sacerdócio, da participação plena no culto e do acesso às áreas mais sagradas do templo (PAGOLA, 2010, p. 257). Eram confinadas porque os homens as consideravam como seres mais vulneráveis que deviam ser protegidas de agressão sexual de outros varões e defendidas publicamente para que a honra e reputação da família fosse mantida. No tocante as mulheres, era mais seguro encerrá-las em casa para que guardassem melhor sua honra sexual. Assim todos podiam viver mais tranqüilos nas aldeias (PAGOLA, 2010, p. 257).
No judaísmo, a mulher vivia numa posição de marginalidade que não dizia respeito somente a questão social e moral, mas atingia também o aspecto religioso.
Alguns rabinos chegavam aos extremos de afirmar que as mulheres não tinham alma. Não era permitido que as mulheres estudassem a lei. Não tinham permissão de tomar parte ativa nos cultos religiosos dos judeus:
no templo, ela só podia entrar até o átrio das mulheres. Em suas obrigações religiosas ela é equiparada ao escravo; ela não precisa, por exemplo, orar o Shema ‘pela manhã e à noite, porque, como o escravo, ela não era dona do seu tempo’ (JEREMIAS, 2008, p. 330).
As mulheres não tinham posição oficial na religião, portanto não precisavam aprender a lei. “Seria melhor ver a Torá queimada,” afirmou um doutor exaltado, “do que ouvir suas palavras dos lábios das mulheres” (ROPS, 2008, p.130).
Entretanto, o mesmo tratado do Talmude que impedia a entrada de meninas na escola, continha esta máxima sábia: “Todo o homem deve ensinar a Torá a sua filha” (ROPS, 2008, p.130). Essa premissa dá-nos uma breve noção sobre o entendimento de Maria quando em seu cântico de exaltação após o anúncio que seria a mãe do Cristo mencionou vários textos dos Salmos e da Lei. Com certeza, ela tinha aprendido com seus pais acerca da lei e dos profetas. Foi à escola do lar em que Maria foi ensinada que a tornou capaz de instruir o filho Jesus nas Santas Escrituras, pois somente aquelas mulheres que conheciam muito bem a lei é que poderiam instruir seus filhos e instar os maridos a cumprirem suas obrigações religiosas (ROPS, 2008, p. 149).
A mulher também era concebida como propriedade do marido juntamente com suas demais posses. Isto ocorreu pelo entendimento exagerado dos preceitos do decálogo quando Deus proibiu a cobiça em relação a casa, o servo e a serva, o boi, o jumento ou qualquer outra coisa de seu próximo inclusive a “mulher do próximo”. Em virtude de uma maneira de interpretar esse mandamento, o homem entendeu que a mulher também era um bem que lhe pertencia. A esposa era uma possessão excessivamente valiosa e ninguém mais tinha o direito de tocá-la (ROPS, 2008, p. 147).
Além de ser considerada propriedade do marido, também era do pai antes de se casar. Sempre pertencia a alguém. Ao pai, um irmão, marido ou filho ela sempre devia sujeição. Quando jovem passava do controle do pai ao do esposo. Seu pai podia vendê-la como escrava para pagar as dívidas, mas não podia fazer o mesmo com o filho, que estava destinado a assegurar a continuidade da família (PAGOLA, 2010, p. 67). No entanto, salvo se não tivessem meninas na família, os filhos seriam entregues como pagamentos das dívidas. Essa é a situação vivida pela viúva que vem reclamar ao profeta Elizeu sua condição de desgraça em que teria de pagar as dívidas do marido entregando seus dois filhos aos credores (cf. 2 Rs 4.1-7).
As regras no tocante a propriedade, ao casamento e ao adultério continuavam valendo nos dias de Cristo, fato demonstrado no discurso de Jesus sobre o adultério e a dureza do coração do homem. O homem podia repudiar a esposa quando bem quisesse. Vale lembrar que no ambiente judaico o direito de desfazer um casamento repousava unilateralmente nas mãos do marido (JEREMIAS, 2008, p. 328).
Nos dias de Cristo havia duas escolas que se posicionavam diferentemente com relação ao divórcio: uma era a escola do rabi Shammai que ao interpretar o texto de Deuteronômio, permitia ao homem se divorciar de sua esposa somente em caso de adultério. Outra escola era do rabi Hilel que defendia a tese de que o marido poderia repudiar sua esposa por qualquer motivo, ensinando que o homem poderia mandá-la embora até se ela deixasse queimar a sopa, ou se encontrasse outra mulher que lhe agradasse mais (COLEMAN, 1991, p.109). Segundo este mesmo rabi, o homem nem precisava citar o motivo pelo qual queria se divorciar da esposa, atitude que muitas vezes era prontamente aceita pela sociedade patriarcal e “machista” da época, uma vez que os homens não se importavam com a dignidade das mulheres. Neste contexto de desprezo e abandono, as mulheres repudiadas e as viúvas ficavam sem honra, sem bens e sem proteção, ao menos até encontrar um varão que se encarregasse delas (PAGOLA, 2010, p. 67).
2. JESUS ATRAI AS MULHERES E AS DIGNIFICA
A sociedade nos tempos de Jesus continuava com uma estrutura patriarcal de inferioridade e de submissão às mulheres. Jesus, porém, foi diferente dos homens de sua época. Ele reagiu contra a marginalização das mulheres. “A atitude de Jesus diante das mulheres e do feminino não reflete em nada a misoginia dos redatores do Antigo Testamento”, também, “não partilhava os horrores impostos a elas” (GANGE, 2007, p. 23). As mulheres eram atraídas por Jesus e o seguiam juntamente com a multidão de discípulos. “Este fato excepcional da presença das mulheres ao lado de Jesus só podia aparecer como revolucionário, insólito, tanto para os romanos e, sobretudo para os judeus patriarcais” (GANGE, 2007, p. 24).
Jesus se mostrava amigo e complacente com as mulheres e se opunha totalmente aos costumes machistas de seu tempo. Machismo fundamentado na Lei que tinha considerava a mulher como alvo de toda a repressão. Exemplo disso é o caso de adultério (mencionado acima como no caso da poligamia de Salomão) que em relação às mulheres, “era considerado um verdadeiro crime, punido de morte. Jesus opõe uma lógica de justiça e uma retidão tranqüila: Quem pode fazer-se o juiz do outro? Quem nunca cometeu atos repreensíveis?” (GANGE, 2007, p. 24).
Quando uma mulher adúltera é levada até Jesus para ser apedrejada, Ele reage de forma que os acusadores saem da sua presença se sentido condenados por seus próprios pecados. Quanto à mulher, ele a libera e perdoa: “Vai e não peques mais” (Jo 8.11). Em outro episódio Jesus é tocado por uma mulher que sofria de hemorragias menstruais há doze anos, provavelmente ela estava excluída por todo esse tempo de qualquer convívio social e familiar. Sua enfermidade a tornava impura diante das leis cerimoniais. Jesus questiona a multidão que o segue com a intenção de incluir a mulher marginalizada, ele a cura e ainda lhe dirige algumas palavras de consolo. (cf. Lc 8.43-48 e Lv 15.25).
Houve também momentos da vida de Jesus que ele foi hospedado por mulheres, mas não se sentiu incomodado com a presença delas quando ficavam aos seus pés ouvindo seus ensinamentos. Isso ocorreu na casa de Marta e Maria (cf. Lc 10.39). Permitiu que mulheres o acompanhassem em suas viagens apostólicas e o ajudassem com seus bens (cf. Lc 8.1-3). Jesus agiu com as mulheres, introduzindo algumas mudanças significativas em seu comportamento pessoal com elas. Mas como fazia parte de uma sociedade patriarcal, nada pode fazer com relação às mudanças jurídicas (FERNANDEZ, 2008, p.58).
Jesus rompeu preconceitos impostos pela lei no que diz respeito à pureza ou impureza com relação às mulheres da mesma forma como procedia com outros grupos sociais como publicanos, leprosos, enfermos e até os mortos – quando os tocava. Jesus tem compaixão de quem se aproxima. Ele, o enviado do Pai, veio para evangelizar os pobres, curar os quebrantados de coração, pregar liberdade aos cativos, restaurar a vista dos cegos, pôr em liberdade os oprimidos (cf. Lc 4.18,19). Entre os marginalizados se encontravam as mulheres, que acolheu e incluiu.

Jesus não usa de reserva para falar em público com a samaritana (Jo 4.27); [...] cura uma mulher encurvada em dia de sábado, chamando-a de ‘filha de Abraão’ (Lc 13.10-16); [...] deixa-se beijar os pés e ungi-los com perfume por uma mulher pública, para grande escândalo do fariseu que o convidou e dos demais comensais (Lc 7.36-50); cura a sogra de Pedro e a toma pela mão (Mc 1.29-31); deixa que seja ungida sua cabeça em Betânia, na casa de Simão, com um perfume caríssimo, e defende a mulher que realizou essa ação (Mc 14.3-9) (FERNANDEZ, 2008, p. 60).

A atitude de Jesus é de tirar as mulheres da marginalidade, incluindo-as como participantes do Reino de Deus. Ele atribui a elas a missão de serem anunciadoras das boas novas de paz e salvação.
Jesus levou a mulher muito a sério. Ele a considerou como pessoa, como um interlocutor válido, digno das confidências mais íntimas. [...] A atitude de Jesus em relação à mulher é absolutamente única. [...] Jesus mostra-se livre de qualquer preconceito, fala às mulheres como fala aos homens, com o mesmo respeito, a mesma confiança, as mesmas exigências e as mesmas promessas (TOURNIER, 2005, p. 144).
O modo como Jesus tratou as mulheres e os excluídos, mostrou que ele era cumpridor por excelência do grande amor do Pai, cujo lema é não fazer acepção de pessoas, mas amar a todos sem distinção. Segundo Tournier, Jesus manifestou com clareza que sentia a injustiça dos homens contra as mulheres naquela sociedade (2007, p. 144). “Jesus cerca-se de mulheres, conversa com elas, considera-as como pessoas inteiras, sobretudo quando são desprezadas” (DELUMEAU, 1978, apud TOURNIER, 2007, p. 144).
A condição da mulher durante o ministério de Jesus passou a ter uma nova dimensão. Ela entra a fazer parte da comunidade dos bem amados, torna-se participante da identificação com Cristo, de seu ministério, vida, morte, ressurreição, até ao ponto de ser chamadas de corpo de Cristo. Todos se identificam com o ato redentor do Cristo histórico e ressuscitado; “as mulheres e os homens juntos constituem um só corpo que vive através de, em, e com Cristo” (JOHNSON, 1995, p. 113):

Mulheres vivenciaram gestos, palavras e ações libertadoras com Jesus. Podemos falar da construção de uma teologia relacional, visto que experiências de cura, perdão, de ensino aprendizagem, de restauração da dignidade de viver colocavam Jesus em relação com mulheres e outras pessoas, e igualmente colocavam mulheres e outras pessoas em relação a Jesus. [...] Essa relação se estabelecia por meio da fé e da graça. A gratuidade da relação é característica marcante na práxis libertadora de Jesus e na práxis libertadora das mulheres (REIMER, 2013, p. 73)

A prática libertadora de Jesus coloca a mulher no mesmo nível de igualdade do homem retratada no evangelho joanino e dará uma visão ainda que tênue sobre a participação da mulher na comunidade cristã primitiva.
Encontramos o narrador fazendo menção de Marta servindo à mesa – diakonein -, (cf. Jo 12.2), fato que nos tempos de Jesus pode parecer pouco expressivo, no entanto, sua simples citação no período em que o escrito joanino está sendo concebido é uma mostra de uma perspectiva com relação a valorização do gênero feminino. O texto se situa no final do primeiro século, aproximadamente o ano 90 d.C, quando o serviço diaconal já existia nas igrejas de acordo cartas paulinas. A função dos diáconos (diakonos) era específica e necessitava que os líderes da comunidade impusessem as mãos sobre aqueles que exerceriam tal função. Portanto, “na comunidade joanina a mulher poderia exercer uma função que em outras igrejas era função de pessoa ‘ordenada’” (BROWN, 1999, p.197).
João destaca o papel importante confiado às mulheres referindo-se a “apóstola” que se revela na história da samaritana. Jesus, explicando sobre a semeadura e colheita dos campos, diz: “Um é o que semeia, outro é o que ceifa” (cf. Jo 4.37), e explica isso a seus discípulos (homens): “Eu vos enviei (apostellein) a ceifar onde não trabalhastes; outros trabalharam e vós entrastes nos seus trabalhos” (cf. Jo 4.38). A narrativa de Jo 4 leva-nos a entender que a mulher semeou a semente preparando assim a colheita apostólica (BROWN, 1999, p. 199).

À samaritana, desprezada por ser mulher, estrangeira, impura e de má conduta, Jesus se revela como Messias, afirmação que havia negado aos homens. Essa revelação é acolhida pela Samaritana, por causa dela (cf. Jo 4.39). Mais uma vez, o evangelho mostra uma mulher anunciando a Boa Nova de Jesus. Tanto a Samaritana como Maria Madalena são enviadas como missionárias em igualdade de condições com os homens (CNBB, 1990, p. 86).

O próprio Jesus comissiona Maria Madalena como anunciadora da ressurreição: “Vi o Senhor”. É um exemplo sublime de apostolado! Verdadeiramente, não se trata de uma missão a todo o mundo, mas, Maria Madalena aproxima-se dos requisitos paulinos básicos de um apóstolo. Segundo João é ela, e não Pedro, que vê primeiro Jesus ressuscitado (BROWN, 1999, p. 200).
As comunidades cristãs do primeiro século davam a Pedro a devida importância por ter sido o primeiro a ver Jesus ressuscitado, e também a ele e aos demais discípulos, a honra por terem confessado Jesus como o Cristo Filho do Deus Vivo. No entanto, para a comunidade joanina essas confissões e o privilégio do encontro com o ressuscitado se associavam com heroínas como Marta e Maria Madalena (BROWN, 1999, p. 201). Marta no encontro com Jesus por ocasião da morte de Lázaro - fazia quatro dias que este fora sepultado -, quando ouve as palavras consoladoras do mestre que seu irmão haveria de ressuscitar: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (cf. Jo. 11.25,26), faz uma confissão de elevada importância: “Tu és o Cristo Filho de Deus” (cf. Jo 11.27). Sua confissão revela função eclesial e ministerial na comunidade atribuída a homens e mulheres simultaneamente como discípulos e discípulas, alvos do amor do mestre.
O amor de Jesus é envolvente e se manifesta num movimento de renovação em relação às mulheres.
elas as eram acolhidas apesar dos gestos e palavras exclusivos aí existentes, eram libertas de vários males, doenças e opressões, eram tidas por discípulas agraciadas pelo amor de deus e que largavam suas antigas formas de vida para se colocar no seguimento de Jesus (REIMER, 2013, p. 74).
Assim, passavam a participar do rebanho do bom Pastor. Eram chamadas pelo nome e reconheciam quem as chamava. É o que acontece com Maria no Horto da Ressurreição: “Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre) (cf. Jo 20.16). O mesmo acontece com Pedro. Atento reconhece a voz do Senhor e se lança ao mar quando Jesus vai ao encontro deles no mar de Tiberíades (cf. Mt 14.28,29). Segundo Brown (1999), são as ovelhas que ouvem a voz do bom Pastor. No Evangelho de João, as ovelhas ouvem a voz de Jesus e obedecem para a missão. Essa missão inclui a todos na comunidade joanina. Segundo Brown as ovelhas são identificadas como sendo de Jesus. E Jesus “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (cf. Jo 13.1). É claro que João não hesitava em absoluto colocar uma mulher na mesma categoria de relacionamento com o Jesus dos doze, todos são incluídos entre “os seus” (BROWN, 1999, p. 202). Para JOHNSON, Jesus libera pelo seu ministério
... uma esperança, uma visão e uma experiência de libertação do relacionamento que a mulher, que é a menor em qualquer classe, bem como o homem, possam provocar como antítese do patriarcado. A mulher interage com Jesus no respeito mútuo, no apoio, no conforto e no desafio, e ela mesma é dotada de atos de compaixão, de ação de graças e de coragem. [...] Novas possibilidades de relacionamento modelado segundo o serviço mútuo da amizade, em lugar do domínio e da subordinação que imperam entre homem e mulher que agora respondem e passam a fazer parte do grupo de amigos de Jesus. Agora forma uma comunidade de discípulos onde todos se consideram iguais entre si (1995, p. 232).
Para a mulher, estar incluída entre os seus, significa estar no mesmo nível de igualdade para desfrutar de seu amor. Ser de Jesus é participar de sua missão concedida a homens e mulheres sem distinção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
São muitas as mulheres alcançadas pela graça de Cristo, a Samaritana, a mulher hemorrágica e Maria Madalena; essas eram excluídas. Outras mulheres, mesmo sem problemas aparentes, como Marta e Maria, a sogra de Pedro e as seguidoras de Jesus tiveram o privilégio de serem acolhidas e dignificadas como seres humanos num tempo em que era forte o preconceito de gênero. “A mulher interage com Jesus no respeito mútuo, no apoio, no conforto e no desafio, e ela mesma é dotada de atos de compaixão, de ação de graças e de coragem pelo Espírito Sophia que em Jesus se aproxima dela” (JOHNSON, 1995, p.232).
Ela passa a fazer parte da comunidade, é vista e reconhecida. Como amiga pode dialogar com ele e sentar-se aos seus pés; como auxiliadoras podem apoiá-lo economicamente no seu ministério e servi-lo em suas casas; como adoradora tem a liberdade de derramar-se diante Dele com um vaso de alabastro. Pode invocá-lo, tocá-lo, sentar-se a mesa com Ele, seguir o caminho do calvário e ser gratificada com a elevada função de ser anunciadora da ressurreição.

21 de outubro de 2013

A Transfiguração de Jesus

O TEXTO EM PROFUNDIDADE

A Transfiguração de Jesus:Mt. 17.2. (Mc.9.1-13. Lc.9.28-36)
A gloria vista no Cristo transfigurado era a mesma nuvem de gloria que brilhou tanto no Tabernáculo e no templo. Mais tarde, ela foi retirada por causa do pecado de Israel, mas, depois, retomou para confirmar o nascimento de Cristo aos pastores, e, para receber Cristo em sua ascensão. Estevão veria a gloria de Deus, como também Paulo, e João na ilha de pátmo. Na segunda vinda de Cristo, essa gloria será revelada ao mundo todo. Jesus, mais uma vez, desencorajou o tornar publico aquilo que seus discípulos viram.
A Transfiguração confirmou a vinda de Jesus e seu reino para aqueles três Discípulos, mas sem a confirmação publica que se seguiu a sua ressurreição o testemunho teria sido de pouco valor para provar a identidade de Jesus e teria levantado mais questionamentos do que respostas. Assim, Jesus recomendou que não se falasse nada, ao menos por enquanto.
Contexto. No primeiro século, assim como no judaísmo ortodoxo atual, o tema do "reino" esta intimamente ligado a confiança de Israel de que, um dia, o Messias de Deus chegaria. No primeiro século, muitas aflições sofridas pelo judaísmo tornaram ainda mais intenso o anseio pelo aparecimento do Messias de Deus. A dominação romana significava pesados tributos impostos por estrangeiros que não tinham nenhum direito histórico sobre a terra concedida por Deus a Israel. Pilatos, então governador romano dessa terra, era cruel e indiferente as profundas convicções religiosas dos judeus. Talvez a maior das aflições tenha sido criada pelo aparecimen¬to do próprio Jesus, pois seus ensinos e milagres despertavam um fervor messiânico ainda maior.
Como mostram os acontecimentos que se seguiram, os discípulos de Jesus esperavam que nosso Senhor estabelecesse um reino aqui na terra — e ansiosamente manobravam para conseguir funções de maior poder
Embora a Transfiguração fosse sem duvida uma maravilhosa revelação da natureza essencial de Jesus, no contexto ela era também uma poderosa manifes¬tação da natureza do reino que o nosso Senhor pretendia estabelecer com a sua morte.
Interpretação. A chave para entendermos o pretenso significado da transfiguração e encontrada em na frase "seis dias depois". O que havia acontecido antes dos seis dias? Jesus havia falado sobre a sua cruz e depois a gloria, e feito uma promessa especifica: "Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns ha que não provarão a morte sem que vejam chegado o Reino de Deus com poder"
A frase "seis dias de¬pois" faz uma intima ligação entre a transfiguração e a profecia de Cristo sobre a sua morte e ressurreição — e a promessa que fez aos discípulos de que alguns veriam "o Reino de Deus com poder".
Entre os dois, o segundo relacionamento e o mais significativo Embora a transfiguração fornecesse uma confirmação visível da divindade de Cristo, os discípulos, perante os quais Ele havia exibido sua gloria, já o haviam reconhecido através dos olhos da Fe. Porem não haviam reconhecido a natureza do Seu rei¬no: não entendiam a implicação de tomar a cruz e seguir a Jesus a fim de receberem uma nova vida.
Então Jesus transfigurou-se diante deles e, nessa transformação, eles viram "o Reino de Deus com poder". Eles viram Aquele que apareceu em sua encarnação como um homem comum, brilhar de repente com um extraordinário esplendor. O que eles viram era uma verdadeira transfiguração — uma transformação revolucionaria do estado de um ser para outro. Um estado de ser que indiscutivelmente exibia a gloria e o poder de Deus.
E nisso que a transfiguração de Jesus redefine o reino para seus discípulos. Quando, depois da morte e ressurreição de Cristo o reino de Deus vier "com poder", a característica marcante desse reino não será exércitos de anjos marchando para esmagar o poder de Roma. O reino de Deus vem com poder a fim de mudar os seres humanos comuns em seres que escolheram seguir a Jesus. O reino, pelo menos ate a volta de Jesus, consistira em transformação, e não nas conquistas que eles desejavam!
Por que a presença de Moises e Elias ao lado de Cristo no monte da transfiguração? Alguns sugeriram que Moises foi o primeiro revelador do Messias e que Elias devia ser o ultimo, como precursores do Messias. Mas, o mais significativo foi que tanto Moises como Elias terminaram misteriosamente o seu tempo na terra. Apesar das realizações desses dois grandes homens da Fe, eles aparecem como seres humanos comuns — ate o fim!
Certamente existirão evidencias em nossa vida cotidiana quando o reino de Deus vier para nós com poder. Em nossa vida e morte, muitos olharão e verão somente o que ha de comum. Ate o fim!
Quando Jesus vier novamente, brilharemos com uma gloria exatamente igual a sua. Então, seremos totalmente como Ele, completamente transformados, pois "porque assim como é o veremos"
Aplicação. É bom nos preocuparmos com a sociedade e suas mazelas. Como cristãos, devemos cuidar dos pobres e dos oprimidos e fazer todo possível para estabelecer a justiça. Mas nunca devemos nos esquecer de que o atual reino de Cristo esta primeiramente voltado a transformação dos indivíduos, tanto na mente como no coração, e que o poder de Deus esta disponível para conduzir cada ser humano a uma renovação interior e pessoal.

Samuel da Silva - superintendente de EBD; Cursando médio em Teologia BíblicaBíblia de Estudo Palavra Chave - CPAD; Manual de Discernimento Bíblico - Haroldo L. Willmington; Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer; Comentário Judaico do Novo Testamento; Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento - Lawrence O. Richards. O Novo Comentário Bíblico: Novo Testamento - Earl D. Radmacher. Ronald B. Allen. H. Wayne House.

5 de julho de 2013

Filipenses; A Cidade de Filipos - - A Epístola aos Filipenses:

Introdução
Filipos era a capital da província romana chamada Macedônia, localizada em território que hoje pertence à Grécia. Seu nome significa "pertencente a Filipe". A cidade foi fundada por Filipe, pai de Alexandre Magno, em 358 a.C. Era importante devido à sua localização junto à principal estrada que cortava a Macedônia no sentido leste-oeste, servindo de caminho entre a Ásia e Roma. Além disso, a cidade possuía minas de ouro e prata. O apóstolo Paulo visita Filipos pela primeira vez, por ocasião de sua Segunda viagem missionária, como descrito em Atos 16. A visão que Paulo teve em Troas, era Deus convocando o apóstolo a passar ao continente europeu, dando-se ali, em Filipos, as primeiras conversões na Europa e, por isso, Filipos tem sido chamada o "berço do cristianismo europeu”.

Filipos:
Filipos foi uma cidade importante do Império Romano, considerada uma porta de entrada da Europa em relação aos visitantes provenientes da Ásia. Localizada no Leste da antiga província da Macedônia, a 13 quilômetros do mar Egeu, no topo de uma colina. Abaixo dela estavam o rio Gangites e a estrada militar Ignatia, que ligava a Europa e a Ásia.
Sua origem remonta aos trácios, povo conquistado em 358 a.C. pelo rei Filipe da Macedônia. A cidade recebeu esse nome em homenagem ao seu conquistador. Em 108 a.C. passou ao controle romano. Em 42 a.C., foi palco da batalha de Marco Antônio e Otávio Augusto, que buscavam vingar a morte de Júlio César, contra Brutus e Cássio - da qual o poeta Horácio diz ter participado. Nove anos mais tarde, Otavio, futuro Augusto, venceu Marco Antônio e Cleópatra.
Os veteranos dessas batalhas instalaram-se em Filipos, e a cidade acabou ganhando status de colônia romana e o Ius Italicum, (O Italicum ius ou "direita italiana" era um estatuto especial apreciado por algumas comunidades da província do Império Romano que eles tem direito a tratamento como uma comunidade italiana em tributação e outros procedimentos administrativos). O que a tornava uma réplica menor de Roma. Seus cidadãos tinham cidadania romana e possuíam inclusive direitos de propriedade equivalentes aos de uma terra em solo italiano. Os oficiais políticos eram descendentes dos soldados romanos, o que reforçava ainda mais o caráter latino da cidade, refletindo também seu pensamento e religião. Eram frequentes os cultos às divindades romanas, como Júpiter, Juno e Marte, e à antigos deuses italianos. As divindades gregas não tinham muito destaque. Persistia porém, adoração à deuses trácios.

A Batalha:
A Batalha de Filipos ocorreu no ano 42 a.C. entre as forças do segundo triunvirato governante de Roma e as forças republicanas lideradas por Bruto e Cássio, principais envolvidos no assassinato de Júlio César. As tropas de Bruto e Cássio perderam essa batalha, e os dois perderam a vida.
História
A cidade de Filipos, ou Philippi, já tinha provavelmente várias centenas de anos quando o rei Filipe II, da Macedônia, a fortificou em 356 a.C., para proteger as vizinhas minas de ouro. A cidade situa-se a cerca de 13 quilômetros de distância do porto de Neápolis, onde Bruto e Cássio estabeleceram sua base de suprimentos, em 43 a.C.
Os dois generais construíram acampamentos separados para suas legiões, duas milhas a oeste da cidade, cada um em uma montanha, distante 1,5 quilometro um do outro. Eles escolheram suas posições de modo a poderem controlar a Via Egnatia, a estrada militar de Tessalônica, no leste, para Dyrrhachium (atual Durrës), no oeste, na costa albanesa. Sua posição também era protegida por pântanos. Uma vez completos os acampamentos, construíram fortificações de montanha a montanha, ligando os dois. E lá esperaram pelo triunvirato e seus exércitos.
Na metade do verão de 42 a.C., Marco Antônio e Otaviano enviaram uma força avançada de oito legiões ao longo do Adriático. Liderada pelos generais Lucius Decidius Saxa e Gaius Norbanus Flaccus, essa força passou ao largo de Filipos e ocupou as passagens a leste de Bruto e Cássio, cortando-lhes a possibilidade de receberem reforços e suprimentos por via terrestre de seus partidários no Oriente. Nos últimos dias do verão, António e Otaviano arriscaram-se contra a poderosa frota de 240 navios de guerra de seus oponentes e, dirigidos por fortes ventos, conseguiram trazer com sucesso um segundo comboio para as praias gregas e desembarcaram mais 20 legiões.
Otaviano, que faria 21 anos em 23 de setembro e frequentemente adoecia em sua juventude, ficou seriamente doente durante sua viagem à Grécia. Assim, deixando o rapaz febril em Epidammus para que se recuperasse, António assumiu o controle de suas forças reunidas, e avançou para a Macedônia para confrontar seus inimigos. Encontrando a cidade de Amphipolis ocupada por forças locais amigas, Antônio deixou uma legião lá com sua bagagem mais pesada, continuando a avançar para Filipos.
Na metade de setembro, António chegou marchando em Filipos e, para surpresa de seus oponentes, construiu um acampamento em terreno desfavorável, uma planície poeirenta não muito distante da posição deles. O aflito Otaviano reuniu-se a seu exército dez dias depois, chegando em uma liteira,(Uma liteira é uma cadeira portátil, aberta ou fechada, suportada por duas varas laterais. É transportada por dois liteireiros ou dois animais, um à frente e outro atrás. As liteiras eram muito utilizadas como meio de transporte de personalidades abastadas na Roma Antiga) muito fraco para caminhar. Nesse meio tempo, os dois exércitos tinham começado a se encarar, alinhando-se diariamente para se confrontarem na planície. A cada dia, ambos os lados colocavam 19 legiões e 20 mil cavaleiros em ordem de batalha. Muitas das legiões que se confrontavam na planície de Filipos tinham até recentemente lutado do mesmo lado.
As legiões de Otaviano e Marco Antônio começaram por despedaçar o flanco direito das legiões de Bruto e Cássio, levando com isso à confusão destas últimas e à derrota.
Bruto e Cássio suicidaram-se no fim da batalha.

FILIPENSES - A Epístola aos Filipenses:
A Epístola aos Filipenses - é como é conhecida a carta que o apóstolo Paulo redigiu aos habitantes de Filipos, uma cidade importante no Império Romano por causa de sua localização geográfica na região montanhosa entre a Ásia e a Europa.
Cidade da Macedônia fundada por Felipe II, pai de Alexandre, o Grande, no ano 358 a.C. Foi a primeira cidade da Europa que ouviu a pregação de um missionário cristão (Atos 16:6-40).

HISTÓRICO:
Paulo, agora em Roma sob prisão domiciliar, fundou a igreja flipense durante a segunda jornada missionária (At 16.11- 40). Os cristãos de Folipos, principal cidade da Macedônia, tinham auxiliado no sustento de Paulo enquanto este esteve em Tessalônica e em Corinto (4.15,16; 2 Co 11.9). Ao sabe¬rem que ele tinha sido preso, enviaram Epafrodito a Roma com outro presente financeiro — provavelmente o que possibilitou que Paulo vivesse em uma casa alugada (At 28.30), em vez de na cadeia. Enquanto estava em Roma, Epafrodito ficou doente e quase morreu (2.27). Quando ele se recuperou, Paulo aproveitou a volta dele a Filipos para enviar essa carta que, em essência, é um agradecimento pelo presente.

AUTOR
Paulo (1.1; 3.4-6;

DATA E LOCAL
Uma vez que Paulo parecia confiante da liberação da prisão (1.19,25; 2.24; veja Fm 1.22), é provável que tenha escrito a epístola para os Filipenses perto do fim do tempo que passou preso, c. 61 d.C., por volta de um ano depois de ter escrito Efésios e Colossenses.
PROPÓSITO
 Agradecer aos cristãos filipenses pela ajuda financeira.
 Tratar de problemas na igreja filipense, em especial, a rivalidade entre duas mulheres proeminentes, Evódia e Síntique.
 Refutar os ensinamentos dos judaizantes (3.1-3) e de alguns que estavam partindo para o extremo oposto, talvez defendendo a total desatenção à lei ou um estilo de vida hedonista (3.18,19).
CARACTERÍSTICAS ÚNICAS
 Filipenses é a carta mais pessoal das escritas de Paulo para as igrejas, contendo mais de cem pronomes na primeira pessoa nos quatro breve:; capítulos.
 Filipenses é uma carta de alegria.
 Filipenses contém uma das passagens sobre a pessoa de Cristo mais citadas da Bíblia (2.5-11).
 Filipenses não apresenta citações diretas do Antigo Testamento.
 Filipenses é a única carta de Paulo em que ele menciona os cargos da igreja na saudação (1.1).
COMPARAÇÃO COM OUTROS LIVROS BÍBLICOS
Efésios, Colossenses, Filemom e 2 Timóteo:
 Todas foram escritas durante períodos que Paulo passou preso.
2 Coríntios, 2 Timóteo e Filemom:
 Esses três, junto com Filipenses, foram às cartas mais pessoais de Paulo.

ESBOÇO

REGOZIJO NO SERVIÇO DE CRISTO (1)
A saudação, apreço pelos filipenses (1.1-11)
O progresso do evangelho (1.12-26)
Exortação para ter fé e coragem ( 1.27-30)
REGOZIJO NA ABNEGAÇÃO DE CRISTO (2)
A abnegação de Cristo (2.1-11)
Imitação da abnegação de Cristo (2.12-18)
Dois imitadores da abnegação de Cristo (2.19-30)
REGOZIJO NOS SOFRIMENTOS DE CRISTO (3)
O poder da morte e da ressurreição de Cristo (3.1-11)
O propósito da morte e da ressurreição de Cristo (3.12-21)
REGOZIJO NA SUFICIÊNCIA DE CRISTO (4)
Regozijo em sua paz (4.1-9)
Regozijo em seu poder (4.10-13)
Regozijo em sua provisão (4.14-23)

REGOZIJO NO SERVIÇO DE CRISTO (1)
1. 1 - 6 Nossa confiança na conclusão da obra de Deus.
Paulo agradece a Deus pelos cristãos de Filipos (1.3-5) e expressa a certeza de que o Senhor continuaria a obra de santificação que começara neles (1.6; veja Hebreus 10.1 18) Deus nunca deixa de terminar algo que começa; Paulo tinha certeza de que os filipenses estavam seguros em sua salvação “até o dia de Cristo Jesus” (compare com 1.10; 2.16; I Co 1. 8),
1.7 – 11. Só Deus sabe quanto vocês representam para mim. Paulo sentia muito afeto por essa igreja em particular que o ajudara tanto. (1.7,8; veja Histórico). Ele orou para que os filipenses crescessem em conhecimento, sabedoria e justiça.
1. 12 – 18 Quer alcançar centenas de pessoas? Vá para a cadeia! Paulo regozijou-se com o fato de que a prisão, em vez de impedir o ministério, na verdade o tinha intensificado. Aparentemente, até mesmo alguns dos soldados que o vigiavam vieram para fé(1. 12,13). Por diferentes motivos tantos como inimigos de Paulo intensificaram suas atividades após a detenção dele. Alguns de seus amigos cristãos tímidos foram sacudidos por grande coragem (1.14). Outros indivíduos, talvez enciumados pelo impacto causado por esse recém-chegado a Roma, intensificaram o trabalho de alcance evangelístico “por ambição egoísta (1. 15 - 17). Independentemente do motivo, Paulo regozijou-se com o fato de que o evangelho estava sendo ouvido (1. 18) . Ele, como o salmista Asafe, sabia que “até a tua ira contra os homens redundará em teu louvor” (Sl. 76. 10).
1. 19 – 26. Estar aqui ou não estar aqui: eis a questão. Embora Paulo, aparentemente, estivesse confiante que seria libertado da prisão (1.19,25), a primeira escolha do apóstolo seria morrer e está com Cristo (1.23). Com tudo o senso de dever exigia que permanecesse aqui na terra (1.24). Independentemente do que acontecer, “Cristo será engrandecido em meu corpo” (1.20), era este o principal desejo de Paulo. Embora, para Paulo, a morte fosse “lucro”, o objetivo dele em continuar a viver resumia-se em uma palavra: Cristo (1.21).
1.27-30 Uma notícia maravilhosa! Vocês conseguiram sofrer por ele! Paulo exorta os filipenses para serem firmes na fé e corajosos diante dos inimigos, considerando um privilégio sofrer por Cristo. O sofrimento é pro¬metido para todo verdadeiro cristão (veja 2Tm 3.12).

REGOZIJO NA ABNEGAÇÃO DE CRISTO (2)
2 . 1- 4. As bênçãos de Cristo para os outros. Os que foram abençoados em Cristo devem querer passar essas bênçãos para os outros. Concentrar- se nos outros, não em nós mesmos, é um importante passo no crescimento e amadurecimento cristão.
2. 5 – 8. O que Cristo fez por nós: humilhação. Cristo é o exemplo supre¬mo de abnegação. Quando o pode¬roso Filho de Deus transformou-se no humilde Filho do homem, ele fez diversas coisas:
• Ele deixou a glória celestial pela pobreza terrena (veja jo 17. 5; 2 Co 8.9).
• Ele “esvaziou-se a si mesmo”, ou “aniquilou-se a si mesmo” (ARC) (2.7).
 Ele não abandonou sua divindade. Ele era, é e sempre será o Filho de Deus (veja Jo 1.1; Cl 1.15; 2.9).
 Ele escondeu, durante um tempo, a fama celestial em um cenário terreno. Embora ele mantivesse todos os atributos de sua divindade enquanto estava na terra, renunciou ao exercício independente dessas características divinas (compare com Mc 9.12 e Rm 15.3).
 Ele tornou-se “semelhante aos homens” (2.7,8; veja Jo 1.14; Rm 8.3; G1 4.4; Hb 2.14,17). A mente humana mal consegue apreender esse fato simples. De repente, o Criador santo e infinito entra no mundo tornando-se semelhante às suas criaturas. Pode-se comparar isso a um rei humano tornar-se voluntariamente um camponês. Mas uma comparação melhor seria um rei humano tornar-se uma desprezível formiga — embora essa com¬paração ainda seja inadequada!
 Ele “humilhou-se a si mesmo” (2.8):
 Cristo, quando veio, falava nossa língua, usava nossas roupas, comia nossa comida, respirava nosso ar e aguentou nosso tratamento cruel. Contraste com as humildes declarações de Cristo no jardim do Getsêmani (veja Mt 26.39,42) com a declaração arrogante que muitos estudiosos atribuem a Satanás (veja Is 14.13,14).
 Cristo sofreu a suprema humilhação quando se entre¬gou para ser morto (2.8; veja Mt 26.39; Jo 10.18; Hb 5.8; 12.2). E não foi qualquer mor¬te, mas “morte de cruz”, o pior tipo de morte tanto física como judicialmente (veja SI 22; Is 53; G1 3.13).
2. 9 – 11. O que Deus fez por Cristo: exaltação. Porque Cristo entregou-se humildemente por nossos pecados:
• Deus “o exaltou a mais alta posição” (2.9; veja Is 52.13; Jo 17.1; At 2.33; Hb 2.9).
• Deus deu-lhe um nome (posição e lugar de autoridade) acima de todos os outros nomes (2.9; veja Ef 1.20; Hb 1.4).
• Ele, um dia (2.10,11), será reconhecido por todos como Senhor:
 “Nos céus” (anjos).
 “Na terra” (seres humanos santos e pecadores).
 “Debaixo da terra” (demônios), Veja Salmos 22.27,28; Isaías 45.23; 66.23; Romanos 14.11; Apocalipse 15.4. Sobre o reino milenar de Cristo.
2. 12-18. Faça isso porque Deus está fazendo isso por você. Os cristãos têm de pôr “em ação a salvação” em sua própria vida, sabendo que Deus mesmo está em operação no interior deles (2. 12 – 13). Deus concede-nos tanto o desejo como a capacidade para servi-lo.
Quando o servimos, “brilhamos como estrelas” diante dos descrentes (2.14,15; veja Mt 5.14-16).
2. 19 – 30. Dois soldados espirituais extraordinários. Paulo esperava enviar logo Timóteo para ministrar para m filipenses. Ele recomendou-o a eles como alguém que revelava algo do coração de servo de Cristo (2.10 - 24) Epafrodito também era um exemplo de abnegação (2.25-30).

REGOZIJO NOS SOFRIMENTOS DE CRISTO (3)
3. 1 – 11. A escolha: circuncisão ou Cristo. Paulo advertiu-os contra os judaizantes que queriam mutilar, ou seja, circuncidá-los. Os cristãos, disse ele, são os que verdadeiramente são circuncidados (3.1-3; veja Rm 2. 29; 9. 6 - 8; G1 6.14,15). Poucas pessoas, se houvesse alguma, conseguiriam equiparar-se às credenciais judaicas de Paulo (3.4-6); ele, não obstante, considerava que essas credenciais não eram nada à luz da nova revelação de Deus da salvação e da vida eterna por intermédio de Cristo (3.7-11). Muitos cristãos querem a primeira metade da passagem 3.10: “Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição” a fim de experimentar o imenso poder que o ressuscitou dos mortos; mas demonstram pouco interesse na segunda metade da passagem “e à participação em seus sofrimento, tornando-me como ele em morte” Contudo, como os santos existiram ao longo dos séculos podem atestar, as duas coisas andam de mãos dadas: “Se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória” (veja Rm 8. 17).
3. 12 – 16. Não, ainda não cheguei lá, mas estou a caminho. Paulo não era perfeito na caminhada com o Senhor, mas guardava esse dia (no reino eterno de Cristo) quando o seria. Embora a perfeição não seja possível nesta vida, temos aspirar à maturidade espiritual.
3. 17 – 19. Sigam a mim, não a eles. pensando nessa carta e nas vezes em que ensinara pessoalmente aos filipenses, Paulo exortou-os a seguir o exemplo e os ensinamentos dele, e não daqueles que, por causa dos ensinamentos equivocados que propagavam, eram, de fato, “inimigos da cruz de Cristo”. Paulo, provavelmente, tinha em mente tanto os legalistas (3.2) como os hedonistas ou antinomianos “significa “ contra a lei””) que descreveu nessa passagem.
3. 20, 21. O novo você. Como um antídoto ao hedonismo, Paulo lembrou-os da ressurreição prometida, quando corpo interior será transformado e seremos cidadãos do reino eterno de Cristo.

REGOZIJO NA SUFICIÊNCIA DE CRISTO (4)
4. 1 – 3. O amor expresso, o amor necessitado. Mais uma vez, Paulo manifesta seu grande afeto pelos filipenses (veja a exposição sobre 1.7-11), depois, pediu a ajuda de um cristão maduro da igreja para reconciliar duas mulheres que estavam brigando.
4. 4 – 7. A paz de Deus: preciosa e protetora. Os cristãos devem ficar alegres e tranquilos (4.4,5); em vez de ficarem ansiosos, eles deviam estar em paz (4.6,7). Alcança-se a paz de Deus (4.7), que transcende toda compreensão, por intermédio da oração. Pau¬lo ensinou duas regras de ouro para quem procura essa paz:
• “Não andem ansiosos por coisa alguma” (4.6). A ARC traduz a frase por: “Não estejais inquietos por coisa alguma.” A palavra grega usada aqui para ansioso ou in¬quieto descreve ser arrastado em diversas direções. Não é uma pre¬ocupação racional, é apenas medo (veja SI 55.22; I Pe 5.7).
• “Mas em tudo, pela oração” As orações devem ser tanto específicas como devocionais. Diz-se que só há duas coisas com que os cristãos não devem se preocupar:
 As coisas que eles podem mudar, caso em que a resposta é o esforço.
 As coisas que eles não podem mudar, caso em que a resposta é a súplica.
Todos os cristãos desfrutam de paz com Deus (veja Rm 5.1), mas apenas os que conseguem substituir a oração pelo cuidado desfrutam a paz de Deus, paz essa que:
• Guarda o coração, protegendo- nos dos sentimentos errados.
• Guarda a mente, protegendo- nos dos pensamentos errados (4.7).
A oração, ao contrário da crença popular, nem sempre muda as coisas. Mas a oração sincera sempre nos muda, protegendo-nos das coisas que podem nos levar ao desespero (veja Is 26.3; 2 Co 10.5).
4. 8, 9. O verdadeiro poder do pensamento positivo. Outro fator essencial para alcançarmos a paz é focar o pensamento em coisas positivas. Não existe maneira melhor de conseguir isso que focando as coisas que Paulo nos ensina a respeito da pessoa e da obra de Cristo.
4. 10 – 13. Alegre e firme no banquete e na escassez. Por Cristo habitar nele e o capacitar (4.13), Paulo alegrava-se em toda e qualquer circunstância. Há dois tipos de cristãos:
 Cristãos “termômetros” são aqueles que sabem o que precisa ser feito, mas são incapazes de fazer alguma coisa a respeito disso, e cuja satisfação depende totalmente das circunstâncias: eles apenas registram a temperatura espiritual predominante.
 Cristãos “termostatos” são aqueles que sabem o que precisa ser feito e o fazem ou apoiam quem faz, e cuja satisfação é totalmente independente das circunstâncias. Eles não só estão afetados pelas circunstâncias, como eles próprios ajudam a moldar essas circunstâncias.
4. 14 – 23. A propósito, obrigado pelo auxílio! Paulo confirma o recebimento do último presente dos Filipenses (4. 10, 14) e relembrou toda a generosidade passada deles (4.15,16), acrescentando que a maior alegria dele era o esforço e o pensamento que estimularam ,aqueles presentes (4.17,18). Ele, por sua vez, abençoou-os e os confiou graça de Deus. A saudação para pessoas da casa de César (4.22) mostra como Paulo proclamou eficazmente o evangelho de seu confinamento involuntário (compare com 1.12,13).



Copilado por Samuel da Silva - estudante de Teologia - Esteadec Escola Teológica das Assembleia de Deus em Camaçari - BA - superintendente da Escola Bíblica na congregação do Parque Verde I.

Fontes: Manual de Discernimento Bíblico - Harold L. Willmington
Wikcionário - Dicionário Livre - Internet
Atlas de Estudo Bíblico - João Batista Ribeiro Santos