José Lúcio
Ribeiro Filho
Como educador
e profissional de comprovada influência na formação do caráter e na educação de
pessoas, o professor precisa se reciclar sempre para ter bom desempenho como
ensinador. Em se tratando de um professor de Escola Dominical, jamais deve-se
ter a idéia ou pretensão de delegar ao Espírito Santo aquilo que é obrigação
sua como estudo e preparo adequados das lições que vai ensinar. O professor
pode até possuir conhecimento que julgue suficiente sobre determinada área, mas
ainda assim é possível melhorá-lo.
O professor
de ED que se preza sabe, à luz da Palavra de Deus, que será preciso ser,
inquestionavelmente, tanto professor quanto professor-aluno. Cada um tem o
dever de aperfeiçoar a sua individualidade.
Como
professor, devemos repassar o que aprendemos aos nossos alunos. Como
professor-aluno, precisamos buscar conhecimento para o aprimoramento da
profissão que abraçamos e desempenhamos. Esse princípio está norteado no ensino
do divino Mestre: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus,
mas a eles não lhes é dado; porque aquele que tem, se dará, e terá em
abundância; mas aquele que não tem, até o que tem lhe será tirado”, Mt
13.11-12.
O professor
já tem o saber, porém, precisa de novas informações, mesmo possuidor de
experiência e formação cultural já definidas. Já foi dito que “o ignorante
aprende e o que sabe recorda” (Baltazar Gracian). Quem não se dispõe a aprender
não ouse ensinar. Ensina-se quando
aprende-se; aprende-se quando estuda-se. O professor precisa ser aluno, porém,
um aluno-professor. Nisso não há demérito.
Eis algumas
ocasiões, nas quais o professor precisa ser aluno.
Quando o
ensinador toma conhecimento de temas de lições programadas para determinada
classe - Neste ponto, deve embrenhar-se no caminho da pesquisa, para enriquecer
seus conhecimentos, a fim de alcançar seus alunos;
Quando compreende o valor de métodos criativos
- O professor que pretende passar conhecimento, voltado para a boa formação do
seu aluno, deve aplicar métodos criativos na ministração de suas aulas. O
rendimento é indiscutível;
Quando é sensível às necessidades de seus
alunos - Nem sempre o aluno tem aptidão para absorver o que lhe é passado no
comentário da lição, senão com um pouco de persistência e paciência do
professor, se este é sensível à provável necessidade do aluno;
Quando reconhece que o ensino envolve toda a
sua vida - O ensino não será absorvido se o aluno perceber que o professor não
vive o que ensina. A auto-avaliação é necessária.
O professor
precisa ser aluno porque é professor. “Se é ensinar, haja dedicação ao ensino”,
Rm 12.7. O professor que ensina a uma faixa etária de comprovados conhecimentos
não pode ser reticente ou repetitivo em suas informações e afirmações, sob pena
de perder um pouco de sua credibilidade.
A Palavra de
Deus diz “haja dedicação ao ensino”. O que o Espírito Santo determina é que o
professor precisa aprender mais. E já foi dito por experimentados profissionais
do ensino que “nunca se sabe tanto que não se precise aprender mais um pouco”.
Questão de
consciência
Descrevemos,
a seguir, outras razões nas quais são manifestas ocasiões em que o professor
precisa ser aluno:
Quando toma consciência de sua vocação para o
ensino - O professor tem que partir para expansão de seus conhecimentos,
especialmente quando se trata da Escola Dominical, uma vez que há variados
temas adotados a cada trimestre do ano letivo. Ensinaríamos uma disciplina sem
que a conhecêssemos? Para conhecer é preciso estudar e é aí que o professor
precisa ser aluno. Vejamos algumas razões:
a) Por serem
temas que obedeceram a outra linha de raciocínio, derivados de outra mente,
embora fertilizada pela Espírito Santo, que também inspira o “professor-aluno”.
Pesquisar é preciso.
b) Como em
cada lição existem mistérios que Deus quer revelar a seus filhos, e o professor
da ED, em sua vocação de ensinar, é responsável por transmiti-los, é mister que
o ensinador se faça professor-aluno e, através da oração e meditação, seja
divinamente orientado para levar ao seu aluno a revelação de Deus.
c) Outra
ocasião se instala quando o professor necessita de avaliar a qualidade de suas
próprias aulas, tentando encontrar algum ponto suscetível de melhoras. Essa
auto-avaliação somente será bem sucedida se o professor estudá-la. O Dicionário
de Verbos e Regimes, 4ª Edição, página 288, no pronominal agregado ao conceito
de ensinar, chama isso de “aprender por si; avisar-se”.
Quando encarar o magistério em Cristo como uma
chamada divina - Como uma comissão do Mestre por excelência, com submissão a
Cristo, com lealdade à sua igreja e disposição para possuir atitudes de
aprendiz, aí se dará o momento “quando o professor precisa ser aluno”.
A partir
desse ponto, o professor nunca o deixará de ser, ainda que tenha a qualificação
de professor. No professor que a si mesmo se cuida, vê-se exaltada a profissão
do ensinador.
Se há um
direito de ensinar, há também, obviamente, um dever de aprender. A partir desta
premissa, fica claro que em muitas ocasiões o professor precisa ser aluno. Vale
salientar que o professor é a única pessoa que deve encontrar razão para
estudar. Se lhe falta o interesse, nada mais poderá ser feito, senão
lamentar-se. É do escritor brasileiro Rui Barbosa a célebre frase: “Não há
tribunais que bastem para obrigar o direito quando o dever se ausenta da consciência”.
É preciso
força de vontade do indivíduo para descobrir que sua própria capacidade de
trabalho é renovável. Aliás, é uma exortação bíblica. “Transformai-vos pela
renovação do vosso entendimento”, Rm 12.2. Verdade é que o professor pode
aprender as técnicas de ensino e aplicá-las no processo de aprendizagem dos
seus alunos, porém, precisa ter força de vontade e desejo de trabalhar.
Diz o
escritor William Martin, em sua introdução ao ensino da Escola Dominical: “Só
se aprende com a prática”. Portanto, aprendendo as técnicas do ofício de
ensinar e trabalhando adequadamente, chegar-se-á um dia à qualificação de bons
mestres. Entende-se que o professor voluntária ou involuntariamente está sempre
na esfera do aprendizado.
Aprendendo a
ouvir
Estudando a
expressão do apóstolo Paulo em 2 Timóteo 2.1-2, nos deparamos com quatro
gerações de cristãos com um método único e eficaz de aprendizado: o ouvir. “Tu,
pois, meu filho,fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus e o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos
para também ensinarem a outros”. As quatro gerações de cristãos acima
mencionadas têm funções similares na área do ensino.
A primeira
tem, por exemplo, o apóstolo Paulo, que confessou: “Recebi do Senhor o que
também vos ensinei”. A segunda recebeu pela audição. Paulo afirma: “O que de
mim, entre muitas testemunhas, ouviste”. Timóteo, por exemplo, recebera a
comissão de ensinar o que aprendera junto a outros (“muitas testemunhas”),
repassando-o para a terceira geração (“homens fiéis”), e esta, por sua vez,
ensinaria à quarta geração (“outros”). Assim, temos Cristo, que ensinou a
Paulo; Paulo, que ensinou a Timóteo; Timóteo, que ensinaria a homens fiéis, que
ensinariam a outros.
O método
audio-visual foi de uma eficácia indiscutível, fantástica, com resultados que
perduram até os nossos dias, depois de quase dois mil anos.
Cada geração,
especialmente as duas primeiras, precisaram se reciclar, como vemos na
expressão: “Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus”, a fonte onde
deveriam permanecer ligados como alunos. É de vital importância a atualização
de conhecimentos já adquiridos, principalmente quando tem-se a responsabilidade
de transmiti-los para não serem passadas informações defasadas, revelando desconhecimento,
apresentando ignorância de fatos novos.
Fonte
atualizadora
Uma fonte
segura para um pesquisador se reciclar é a que procede de origem divina, a
Palavra de Deus, de onde tiramos lições e métodos insuperáveis para alcançar os
propósitos que Deus tem para com os seus. Lemos em 2Timóteo 3.16-17: “Toda
Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para
corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente instruído para toda a boa obra”.
O professor
da Escola Dominical não é um professor comum. Ele não ensina matérias
simplesmente pesquisadas, mas reveladas. As pesquisas trazem muitas novidades,
e por isso mesmo surge a necessidade de reciclagem para o professor, para sua
atualização. O professor da Escola Dominical falará de temas oriundos do céu,
da divina fonte.
Deus quer que
os homens conheçam seus mistérios, como
lemos em
Colossenses 1.26-28: “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em
todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus
quis fazer conhecer quais as riquezas da glória deste mistério entre os
gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos,
admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria;
para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo”.
O próprio
Mestre orando ao Pai (Jo 17.26), fez algumas revelações importantes para os que
ousam se chamar professores da Escola
Dominical,
mas que recusam atender aos requisitos aqui explicitados: “(...)lhes fiz
conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais”. Ora, se seus discípulos já
tivessem os conhecimentos completos daquilo que haveriam de ensinar, não teriam
necessidade de “conhecer mais”. Nisso conhecemos mais um momento, quando o
professor precisa ser aluno. Há sempre o que se aprender, de cujos
conhecimentos há sempre o que se ensinar. Nossos conhecimentos
jamais se
completarão.
O eunuco da
rainha de Candace era, em sua época, um homem culto. Afirmamos isso em virtude
da função que exercia como ministro da Fazenda. Contudo, muito havia que
aprender e por isso disse a Filipe, no tocante à palavra profética que lia:
“Como poderei entender, se alguém não me ensinar?ó, At 8.31. Ele recebeu o
convite de Filipe, servo do Senhor, para aprender o significado da Escritura
não compreendida. É imperioso que se entenda entre os chamados mestres a
importância de se aprender sempre.
Quando o
leitor deste artigo estiver debruçado sobre este conteúdo, passar-lhe-á pela
cabeça inúmeras razões não abordadas aqui e que com certeza estarão
estimulando-o a alinhar-se as aqui apontadas, com a consciência esclarecida de
que “Nunca se sabe tanto, que não se precise aprender mais um pouco”.
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