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12 de dezembro de 2011

As igrejas devem convidar as pessoas a virem à frente?


Pergunta: “Venho de um contexto aviva lista e estou cansado de convites para que pessoas venham à frente e de convites manipuladores. No entanto, meu desejo não é deixar as igrejas mergulhadas nesta tradição, e sim continuar ministrando com uma teologia de conversão mais forte.
Como aluno de seminário, tenho oportunidades de pregar em igrejas onde é costume fazer um convite no final da mensagem. Sinto-me freqüentemente inseguro e intranqüilo em relação à maneira de terminar uma mensagem, não querendo cometer os erros comuns ao avivalismo, sem, ao mesmo tempo, ofender desnecessariamente.
Vocês poderiam me oferecer alguns princípios para reter uma forte teologia de conversão, quando termino cultos de igrejas acostumadas com convites públicos?”

Jonathan Leeman, diretor editorial do ministério 9 Marcas e candidato a PhD em Eclesiologia, responde a esta pergunta.

Resposta:
Antes de eu chegar, os pastores anteriores sempre fizeram convites para pessoas virem à frente. Estava em meu primeiro mês de um pastorado interino, e as pessoas começaram a me perguntar se eu faria convites ou não. Recordo uma conversa que tive com um irmão querido – um bom amigo até hoje – durante uma longa carona. A conversa foi dedicada a este assunto.
Eu disse a este irmão e aos demais presbíteros que eu não faria convites para pessoas virem à frente. Por que não?
Por que eu penso que isso é errado? Não, acho que um pastor é livre para fazer um desses convites. Não é pecado.
Por que não creio que as pessoas têm de fazer uma decisão por Cristo? Não, acho que as pessoas têm de decidir arrepender-se e crer para serem salvas.
Por que eu não acho que Jesus nos chama a fazer uma confissão pública? Não, as pessoas têm de confessar publicamente a sua fé. Foi por isso que Jesus instituiu o batismo.
Por que eu acho que convidar pecadores ao arrependimento é inerentemente manipulador? Não, creio que os pregadores devem convidar, por meio dosseus sermões, os não cristãos a se arrependerem e crerem. E fiz isso durante o pastorado interino e o fiz no último domingo, quando preguei como pastor convidado em outro igreja. No meio do sermão, convidei com bastante clareza os não cristãos a se arrependerem e crerem; e lhes disse que falassem comigo depois do culto, ou com o pastor, ou com outro amigo cristão que os trouxera à igreja.
Então, por que não convido pessoas a virem à frente? Em resumo, eu creio que esta prática criada pelo homem, esta inovação procedente do século XIX tem causado mais mal do que bem às igrejas cristãs no Ocidente. O convite para vir à frente confia nos poderes das emoções, na persuasão retórica e na pressão social para induzir as pessoas a uma decisão apressada e prematura. E produzir profissões não é o mesmo que fazer discípulos. Certamente, diversos fatores são responsáveis pela existência de muitos cristãos nominais que caracterizam o cristianismo no Ocidente, mas eu creio que o convite para vir à frente é um desses fatores.
Quantas pessoas, no último século, vieram à frente e passaram o resto de sua vida convencidas de que eram cristãs, sem jamais se importarem com sua maneira de viver!
A alternativa para o convite de vir à frente é perseverarmos nas práticas que vemos exemplificadas nas Escrituras:
o    Durante o sermão, convide as pessoas a se arrependerem e serem batizadas, como Pedro o fez em Jerusalém (At 2.38). Mas, quando você fizer isso, não fique em pé no púlpito, esperando com música carregada de emoção, fitando as pessoas até que elas cedam. Pelo contrário, faça várias sugestões a respeito de como e onde conversar mais sobre o assunto.
o    Pergunte às pessoas o que elas creem quando se apresentam para pedir o batismo, como Jesus se assegurou de que os discípulos soubessem quem ele era (Mt 16.13-17; também 1 Jo 4.1-3).
o    Tenha certeza de que as pessoas entendem o que está envolvido em seguir a Jesus (Mt 16.24, 25; Jo 6.53-60).
o    Explique-lhes que os frutos produzidos em sua vida e a perseverança até ao fim indicarão se elas creem verdadeiramente ou não (Mt 7.24, 25; 10.22).
o    Você pode até explicar que Jesus mandou a igreja remover de sua comunhão pessoas cuja vida não se harmoniza com o que elas professam crer (Mt 18.15-17).
Sim, oremos muito por conversões. Mas, depois, façamos tudo que a Escritura exige de nós na obra de fazer discípulos – uma obra que, geralmente, exige muito ensino, muito tempo, muitos convites, muitas refeições juntos e, por fim, o compromisso de todo o corpo da igreja.

Comentários para “Pergunta: As igrejas devem convidar as pessoas a virem à frente?”

1.    Jonatas Barbosa Canato 7 Dezembro 2011 às 12:37 #
Bem posicionado e sem atacar pessoas. Criticando posição “apelativa” das Igrejas de hoje. Muito bom. Vim de uma igreja Independente que todos os domingos existiram um apelo para ir até a frente. Esse modelo só criou emoção e bodes dentro da igreja.

2.    Elder Teixeira 7 Dezembro 2011 às 17:21 #
Mas temos que ver que muitas “igrejas” fazem uma avaliação numérica de seus ministros, como um scorecard com alvo de “X” conversões…
Já ouvi até mesmo muitos pastores se deliciarem com o numero de “convertidos” que vieram a frente, como se quem fizesse a conversão fosse ele e não o Espírito, e depois não pastoreiam estes novos membros do Corpo.

3.    Joelson Gomes 7 Dezembro 2011 às 20:50 #
Não faço convites para os pecadores virem à frente quando prego, isso porque deixo bem claro o convite durante o sermão. Mas, não posso basear o motivo de não fazer apenas porque Finney fazia. Até porque existe um sem numero de cristãos que foram chamados a frente e fizeram decisão, realmente foram convertidos. Um destaque para o texto é o tom da escrita,
Parabéns para o autor.

4.             Samuel Silva:
Queridos como interpretar a mensagem de Pedro, no dia de Pentecoste quando cheio do Espírito Santo falou pra seus irmãos que estavam reunidos em Jerusalém, em resposta a Eles: todos pasmavam e estavam perplexos, dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto?
 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. Então Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Pois estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seus corações, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? A mensagem de Pedro foi direta para aqueles homens, vejo hoje como uma maneira de falar diretamente ao pecador uma vez que tens se pregado de uma maneira muita abrangente, onde se fala de muitas coisas e, muitas vezes deixa-se de falar diretamente com o pecador quando se está pregando. Então tenta – se, recuperar o diálogo com quem deveria ser desde o começo. Quando prego numa igreja observo o publico se tem descrente e ou se só tem crente e pelo Espírito Santo a mensagem é moldada a quem está ouvindo, direta e clara.

Deus os abençoe.

Jonathan Leeman é o diretor editorial do ministério 9 Marcas. Ele é o autor de The Church and the Surprising Offense of God’s Love (lançamento previsto para Maio 2012 pela Fiel). Leeman será um dos preletores do quarto módulo do Curso Fiel de Liderança – CFL em 27 de outubro de 2012.

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