INTRODUÇÃO
A igreja do Senhor como a única agência do Reino de Deus aqui na terra para levar o Evangelho que transforma o homem, não precisa destruir totalmente a cultura dos povos, mas somente deve mudar a qualidade da cultura em que o homem está inserido, pois Jesus está acima da cultura e o seu evangelho é transcultural.
I – CULTURA
(do latim colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Em Roma, na língua latina, seu antepassado etimológico tinha o sentido de “agricultura” (significado que a palavra mantém ainda hoje em determinados contextos), como empregado por Varrão, por exemplo. Cultura é também associada, comumente, a altas formas de manifestação artística e/ou técnica da humanidade, como a música erudita europeia (o termo alemão “Kultur” – cultura – se aproxima mais desta definição). Definições de cultura foram realizadas por Ralph Linton, Leslie White, Clifford Geertz, Franz Boas, Malinowski e outros cientistas sociais. Em um estudo aprofundado, Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn encontraram pelo menos 167 definições diferentes para o termo cultura.
Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a cultura muitas vezes se confunde com noções de: desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos de elite. Essa confusão entre cultura e civilização foi comum, sobretudo, na França e na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, onde cultura se referia a um ideal de elite. Ela possibilitou o surgimento da dicotomia (e, eventualmente, hierarquização) entre “cultura erudita” e “cultura popular”, melhor representada nos textos de Matthew Arnold, ainda fortemente presente no imaginário das sociedades ocidentais. (Wikipédia, a enciclopédia livre).
OBS:
Vale a pena ressaltar o que disse o Pastor Jeremias do couto em relação a cultura brasileira, quando escreveu as lições bíblicas - adultos para o 1º Trimestre de 1993; “A década da colheita até o ano 2000” “Cada uma cultura traz em si traços que, em alguns casos, podem ter certa similaridade com outras, mas em última análise são exclusivos e resultam de raízes e influências distintas. A título de exemplo, a cultura brasileira é, basicamente, fruto de três vertentes: a influência da colonização Portuguesa, a presença dos escravos Africanos e as tradições dos Índios que aqui viviam quando o País foi descoberto”.
II – CULTURA DOS TEMPOS BÍBLICOS
A palavra "cultura" reporta a idéias, costumes, habilidades, artes de um grupo específico de pessoas numa determinada época como já citamos no texto acima. A cultura começa a ser incutida em nós a partir da infância, primeiramente pela família onde nascemos ou pela qual fomos adotados. O processo de aculturação continua à medida que somos expostos ao nosso ambiente, educação formal, educação religiosa e amigos ou semelhantes, embora quase nunca percebamos que isso está acontecendo. Observa-se que na cultura ocidental, podemos ter o costume de comer três vezes por dia, viver em pequenas famílias nucleares e ouvir música em escritórios, lojas, lares e até nos carros. Podemos aprender que certas palavras e atos são indelicados ou maldosos, e outros, cordiais e amigáveis.
A pessoa de outra cultura, porém, pode desconhecer estes e outros aspectos da nossa, tão familiares para nós que raramente pensamos neles. As pessoas no mundo antigo da bíblia eram tão influenciadas pela cultura de sua época o quanto somos pela nossa, e cada escritor bíblico escreveu de acordo com a sua perspectiva cultural. Isto significa que alguns dos termos e conceitos da Bíblia podem ser bem pouco familiares para muitos de nós, devido à distância em que nos encontramos das terras e dos tempos bíblicos e aos muitos Uma chamada dupla à evangelização e à responsabilidade social. Dentro desta visão, a igreja tem um chamado duplo: 1) Como agente do Reino, a igreja é chamada a proclamar o Senhor Jesus como único Senhor e Salvador. O cerne da sua proclamação é o anúncio de que, por meio da cruz, há possibilidade de reconciliação com Deus, consigo mesmo e com o próximo. 2) A igreja é chamada também para realizar as “boas obras que Deus preparou de antemão para que as realize” (Ef. 2:10), pois para isso foi criada. Fomos salvos para as boas obras. Por meio delas, o Reino se torna historicamente visível como uma realidade presente. A esta dimensão tem se chamado de responsabilidade social. Nesta perspectiva do Reino, a justiça e o testemunho evangelístico estão necessariamente ligados, não podendo desvincular-se um do outro sem sérios prejuízos para o cumprimento da missão. E elas só podem entender-se à luz do fato de que Deus entrou na história, na Pessoa de Cristo, e de que o poder de Deus está atuando para restaurar a totalidade da vida humana. Séculos de separação.
III – A INFLUÊNCIA CULTURAL NO PRINCIPIO
Teve principio no coração de Deus. Nunca foi e não é algo que decidimos fazer para Deus, mas Deus nos revela seu propósito para que possamos ter uma participação criativa na missão de que nos encarregou. Deus se propôs a redimir o homem e restabelecer o seu reino sobre a terra, então estamos seguros de que Ele tem um plano para alcançar os seus objetivos. Os primeiros onze capítulos de Gênesis marcam o desenvolvimento deste plano no começo da relação de Deus com a raça humana. Gênesis 1 e 2 descrevem a criação e o ambiente ideal em que se encontraram Adão e Eva. O capítulo 3 descreve a queda do homem e prediz as trágicas conseqüências que esta desobediência traria ao homem e para a criação. Nos capítulos 4 e 11, vemos um afastamento progressivo da raça humana com respeito da Deus e uma degeneração moral como conseqüência. O capítulo 11 nos mostra uma paisagem obscura de uma raça monolítica com uma só língua e objetivo, unida em sua rebelião contra Deus e sua soberania divina. Deste ambiente pagão, Deus chama um homem e sua família e começa a fazer uma obra no meio deles para o cumprimento do seu plano. A escolha de Abraão em Gênesis 12 foi uma iniciativa estratégica na batalha para reconquistar seu Reino. Esta ação não foi uma atitude limitada de Deus no cuidado pelos judeus somente, mas a seleção de uma nação para comunicar sua mensagem às outras. O Antigo Testamento registra como Israel responde a esta responsabilidade.
Larry Pate, em seu livro “Missiologia”, fala de nossa realização transcultural:
“O amor de Deus é o princípio fundamental da história da redenção. Seu amor não está confinado a uma raça, nação, ou grupo cultural. Ele ama a todos os povos. Ama tanto aos pigmeus africanos, quanto aos homens de negócios asiáticos. O amor de Deus ultrapassa todas as fronteiras culturais, raciais e lingüísticas. Ele quer que todos tenham uma oportunidade para seguir a Cristo”. Em Gálatas 3.8, Paulo afirmou que em Abraão seriam benditas todas as nações da terra. Deus deu a Abraão quatro promessas pessoais específicas: 1. Farei de ti uma grande nação. 2. Te abençoarei. 3.Engrandecerei o teu nome (Gn 12.2). 4. Em ti serão benditas todas as famílias da terra.
“O amor de Deus é o princípio fundamental da história da redenção. Seu amor não está confinado a uma raça, nação, ou grupo cultural. Ele ama a todos os povos. Ama tanto aos pigmeus africanos, quanto aos homens de negócios asiáticos. O amor de Deus ultrapassa todas as fronteiras culturais, raciais e lingüísticas. Ele quer que todos tenham uma oportunidade para seguir a Cristo”. Em Gálatas 3.8, Paulo afirmou que em Abraão seriam benditas todas as nações da terra. Deus deu a Abraão quatro promessas pessoais específicas: 1. Farei de ti uma grande nação. 2. Te abençoarei. 3.Engrandecerei o teu nome (Gn 12.2). 4. Em ti serão benditas todas as famílias da terra.
Deus terminou dizendo a Abraão que nele seriam benditas todas as famílias da terra. Quando examinamos o pacto de Deus com Abraão, observamos que as promessas de Deus para abençoar a Abraão não foram com o objetivo de excluir as nações da bênção de Deus, mas de prover um canal pelo qual todas as nações seriam abençoadas.
IV – A INFLUÊNCIA CULTURAL NOS DIAS ATUAIS ATRAVÉS DA EVANGELIZAÇÃO.
A evangelização não se dá fora da cultura. Nem o Evangelho se identifica com as culturas, mas identifica-se nas culturas. Experimenta-se, por consequência, uma marcada diferença entre a afirmada necessidade de «evangelizar a cultura» e a urgência de quem se sente desafiado a evangelizar a partir da cultura.
Nossa idade contemporânea centra-se no "eu". Passamos do antropocentrismo para o egocentrismo, que desemboca, inevitavelmente, no individualismo. Esta centralização no "eu", "na pessoa", como diriam alguns, tem levado ao estabelecimento de uma verdadeira cultura pós-cristã, cujos valores altamente relativisados perdem sua objetividade e seu referencial no Evangelho para enraizar-se no "eu", que se toma o parâmetro do bem e da verdade. "As conquistas científicas, tecnológicas e informáticas têm satisfeito muitas das necessidades do homem, ao mesmo tempo em que têm buscado autonomia em relação à natureza, a qual domina; em relação à história, cuja construção ele assume; e inclusive relação a Deus, do qual se desinteressa ou relega à consciência pessoal, privilegiando exclusivamente a ordem temporal" (Sto Domingo, 252). Hoje em dia, o fenômeno do secularismo propaga o indiferentismo religioso e provoca várias formas de ateísmo. O homem, imerso em suas conquistas técnico-científicas, crê poder prescindir de Deus: "Muitos bens, que antes o homem esperava alcançar sobre tudo das forças superiores, hoje os consegue por si mesmo" (Gaudium et Spes n.33a). Toma “a si próprio como referencial do bem, proclama-se “livre” para fazer as suas escolhas independentemente de valores “ impostos de fora. O evangelho de Cristo, o glorioso evangelho do Deus bendito, é o único instrumento eficaz para transformar a humanidade. O homem que possui e sabe como utilizar esta grande e maravilhosa ferramenta, se posso fazer esta comparação, conseguirá facilmente aquilo que, de outro modo, seria impossível. O evangelho remove as dificuldades intransponíveis à capacidade humana: faz o cego ver e o surdo ouvir; amolece o coração de pedra; ressuscita aquele que estava morto em ofensas e pecados para uma vida de retidão. Nenhuma outra força, exceto a do evangelho, é suficiente para remover os imensos fardos de culpa de uma consciência despertada; para aquietar o ardor de paixões incontroláveis; para levantar uma alma mundana atolada no lamaçal da sensualidade e da avareza, para uma vida divina e espiritual, uma vida de comunhão com Deus.
Nenhum sistema, exceto o evangelho, é capaz de transmitir motivos, encorajamentos e perspectivas suficientes para resistir e frustrar todas as armadilhas e tentações com as quais o espírito deste mundo, com suas carrancas ou com seus sorrisos, se esforça para intimidar e afastar-nos do caminho do dever. Mas o evangelho, entendido corretamente e recebido com alegria, trará vigor ao desanimado e coragem ao temeroso. Tornará generoso o mesquinho, moldará a lamúria em bondade, amansará a fúria de nosso íntimo. “Em resumo, o evangelho dilata o coração egoísta, enchendo-o com um espírito de amor para com Deus, de obediência alegre e irrestrita para com a vontade dele, bem como de benevolência para com os homens.”
V - A CULTURA DO EVANGELHO NO NOVO TESTAMENTO
1- O Cristianismo e a cultura.
O Cristianismo não tem a finalidade de padronizar o mundo e nem tampouco destruir as culturas: sua mensagem, porém é universal e alcança a todos. Imagine no dia do triunfo quando todos os salvos remidos por Cristo dos quatro cantos da terra, se apresentarão, cada povo na sua etnia, louvando a Deus na sua própria língua (Ap 5:9). Estava certo o Apóstolo Paulo quando disse que, sendo livre, se fez servo de todos, judeus para os judeus, sem lei para os sem lei (I Co 9:19-23), a fim de ganhá-los para Jesus. Não se faz necessário destruir mais de 7.319 etnias para levá-las a fé cristã, porque o cristianismo é transcultural.
2- Jesus.
Jesus respeitou a cultura. Por isso o sistema cristão só é diferente da cultura em qualidade. Isto é, o evangelho de Cristo respeitou a cultura dos seus ouvintes. O evangelho existe, sim, para mudar a qualidade da cultura do homem, seja qual for a que ele estiver inserido. Por outro lado, Jesus Cristo está acima da cultura. Quanto a isso, não há sombra de dúvida. Jesus Cristo é o transformador da cultura que reflete o estado decaído do homem. Em Cristo, o homem é redimido e a cultura pode ser renovada para glorificar a Deus e promover os propósitos Dele.
Quando Jesus deu ordem para anunciar seu evangelho ao mundo, aquele “ide” significava sairmos de nossa casa não só fisicamente, mas também mental e emocionalmente, para nos identificarmos com o público que irá ouvir de nós a mensagem salvadora que nos deu. (Manual de Missões, CPAD, Págs. 142 e 143).
3- O Apóstolo Paulo.
Ele, além de Judeu era culto e rico e sacrificou as tradições de seus antepassados, deixando tudo para salvar o maior número possível de almas para o Reino de Deus (Fl 3:5-8). Haja vista, que Paulo tinha por mais importante a salvação dos homens perdidos, mais do que a sua tradição cultural como Judeu que era. O Apóstolo lançava mão de todos os meios e recursos lícitos, é claro, para conquistar os pecadores Reino de Deus. Na verdade, o Missionário Paulo soube muito bem influenciar a cultura de sua época com a pregação da palavra de Deus que resultou em inúmeras bênçãos para muitos que a receberam.
4- O Missionário Barnabé.
Não nos restam dúvidas de que a cultura de cada povo deve ser respeitada, não importando qual seja a sua etnia. Barnabé sabia que a tradição Judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional, e que isso em nada implicaria na salvação dos novos crentes; portanto, não seria necessário observar o ritual da lei de Moisés (At 15:19,20). Convém também lembrar que a importação de inovações para as nossas igrejas pode desrespeitar a nossa herança espiritual. É bom deixar bem claro aqui, que existe por aí muitas coisas que não se coaduna com a nossa cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como da mesma forma esta não pode servir para outras etnias pela mesma circunstância. Muitas das vezes alguns missionários por falta de sabedoria acabam não se dando bem com o povo, pois querem implantar nas suas pregações e louvores a cultura do País em que está trabalhando em vez de testemunhar as maravilhas que Deus tem realizado através dos mesmos ou então continuar pregando a cultura da bíblia que é universal. Certa feita um missionário em um culto disse que queria todos os crentes dançando, pois a dança fazia parte da cultura do culto no país em que ele estava trabalhando, e eu fiquei pensando comigo mesmo: “eu não dancei quando estava no mundo, muito mais agora depois que aceitei Jesus como o meu salvador que mudou a minha cultura mundana em uma cultura bíblica e celestial.
CONCLUSÃO
O Cristianismo é transcultural, ou seja, o evangelho está acima das culturas. A igreja de Jesus como agência propagadora do evangelho precisa rever suas estratégias evangelísticas conhecendo o tipo de sociedade do século XXI, que será cada vez mais globalizado, já que agora dispomos de meios de comunicações modernizados. Contudo, não devemos confrontar “as culturas dos povos”, mas oferecer-lhes uma melhor cultura que é a do evangelho de Cristo, mas tudo isso sem divorciarmos da palavra de Deus.
Bibliografia
Bíblia de Estudo Plenitude (ARC)
Apontamentos Teológicos do autor
Dicionário Online – Língua Portuguesa
(Wikipédia, a enciclopédia livre)
(Manual de Missões, CPAD, Págs. 142 e 143)
Comentarista
Pastor Josaphat Batista Credenciado CEADEB 5.651 - CGADB 28.509 –
Presidente do Campo da Assembléia de Deus na cidade de Ibotirama-Ba. Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Teologia Convalidado pelo MEC, Membro do CEECRE (Conselho Estadual de Educação e Cultura Religiosa), Diretor da ESTEADI (Escola Teológica da Assembléia de Deus em Ibotirama, Conferencista, Seminaristas, Escritor e fundador dos Congressos EBD no Campo de Camaçari-Ba.
EMAIL: prjosaphat@hotmail.com
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