INTRODUÇÃO
- Agora é a vez da
igreja em Sardes passar pelo processo de julgamento à luz das palavras daquele
que foi morto e vive (Ap 1:18). Diferente das duas últimas igrejas que
estudamos nas lições anteriores, Sardes não sofre com proliferação de heresias
dentro dela, mas além de aparecer com as vestes manchadas, vivia a
superficialidade, pois estava morta.
I – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
- Sardes, ou às vezes Sardis e Sárdis (Σάρδεις, em grego),
correspondente ao moderno vilarejo Turco de Sart (Província de Manisa), foi a
Capital da antiga Lídia – tendo sido depois a sede de uma Província Romana após
as reformas administrativas de Diocleciano, continuando a pertencer a Roma
depois e durante o período Binzantino. Sardes localizava-se no fértil vale do
Rio Hermo e no sopé do íngreme Monte
Tmolo, distante cerca de 34 km ao sul daquele curso d'água. A importância da
cidade era devida ao seu poderio militar, à sua relevante localização ligando o
Egeu ao interior e a situar-se em um vale muito fértil.
II – QUINTA CARTA: Á IGREJA EM SARDES
- Apocalípse 3:1 - “E ao Anjo da
igreja que está em Sardes escreve: isto diz o que tem
os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que
tens nome de que vives, e estás morto”.
1 - “...Ao anjo da igreja”. Nada se sabe acerca desse anjo
(pastor) da igreja de Sardes, exceto aquilo
que poderia ser depreendido do presente texto.
Pelo uso da expressão: “tens
nome de que vives” dá a entender sua grande popularidade. A História Eclesiástica menciona um “anjo” muito
famoso dessa igreja, mas sua estada ali se
seu no século II, e não no primeiro; seu
nome era Melito. Melito, o Bispo de Sardes, do século II
d.C., é mencionado três vezes
na “História Eclesiástica” de Eusébio.
Melito escreveu uma apologia, dirigida ao imperador romano,
em defesa da fé cristã. Ele foi um
crente intenso, dotado de grande poder e
autoridade na sua geração.
2 - Sardes. O nome significa em grego “príncipe de
gozo”.Situação
Geográfica: encrava-se no pequeno Continente da Ásia Menor. Era essa a
capital do antigo reino da Lídia.
Originalmente Sardes
fora uma fortaleza poderosa, mas Ciro, rei da Pérsia, derrotou esta
cidade e outras das
redondezas, no ano de (549 a. C.). Essa cidade passou às
mãos de Antíoco, o
Grande, “Ali, por ocasião em que
essa carta estava sendo escrita,
achava-se essa Igreja
em uma situação espiritual extremamente melindrosa. O processo de declínio de seu pastor
fora tão sutil que, na
realidade, nem
fora observado”.
Dois gêneros de
mortes estavam rondando este
“anjo”: (a) a morte moral (b) a morte espiritual. (Cf. Gn 20.3 e Ef 2.1). Ele se encontrava duplamente morto (cf. Jd v. 12). A igreja é representada pelo seu pastor,
mas também é repreendida por
Cristo através do mesmo. Ela é
repreendida por viver em situação contraditória: a vitalidade exterior
disfarça morte espiritual
interior. É uma situação de limite, da qual ela se recuperará mediante “uma
lembrança” do que tem recebido e ouvido da parte do Senhor, que
diz: “Lembra-te, pois do que tens recebido e ouvido, e
guarda-o!”.
- A bíblia Aplicação Pessoal nos diz que a igreja
de Sardes foi recomendada que obedecesse á verdade cristã, aprendida quando
começou a crer em Cristo, e que retornasse aos conceitos básicos da fé. Era
importante crescer no conhecimento do Senhor e aprofundar sua compreensão
através de um estudo cuidadoso. Não importa o quanto aprendamos, nunca devemos
abandonar as verdades básicas a respeito de Jesus. Ele sempre será o filho de
Deus, e seu sacrifício pelos nossos pecados é permanente. Nenhuma “nova verdade”
a respeito de Deus poderá contradizer esses ensinamentos bíblicos fundamentais.
3 - “... confirma os restante”.
“Sê vigilante, e confirma os restantes, que estava para morrer;
porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”.
- Embora o pastor de Sardes estivesse sendo classificado como “mortos” a
vista de Deus, esta dupla ordem de Jesus Cristo nos deixa entrever que ainda,
na sua vontade, Ele tenta um derradeiro esforço para salvar o restante. Porém,
a parte da pregação, deveria fazê-la o pastor. É óbvio, diz M. S. Novah que
alguns havia na igreja que ainda tinham um pouco de vida espiritual. Daí Jesus
haver dito: “...confirma os restantes, que estavam para morrer”. A recomendação
de Cristo é urgente, e ordena livrar “os que estão destinados à morte”. A
expressão “confirma” depreendida do texto em foco, não significa: confirma sua
morte, mas, confirma sua fé (cf. At 14.22). O Dr. R. Norman observa que aquela
igreja já não estava inteiramente destituída do bem, da vida e da esperança. O
que era bom precisava ser melhorado. Ela tinha que ouvi o grito: “Torna-te
desperto, e põe-te a vigiar” (Vincent, in loc). Essa é uma tradução literal do
que diz o grego (Ef 5.14). O sono deles era um sono letal, a menos que se
despertassem.
4 - “...Virei sobre ti como um ladrão”.
- “Lembra-te pois do que tens
recebido e ouvido, e guarda-o, e
arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não
saberás a que hora sobre ti virei”.
- O leitor deve observar com atenção a frase, “como” antecipando as
palavras “um ladrão”. O Dr. Russell
Norman Champrin, Ph, D. Grande expoente do Apocalipse, diz que essa frase tem
as seguintes significações: (a) De maneira inesperada; (b) Como um laço tristonho
para os que não estiverem preparados; (c) Sem nenhuma oportunidade de aviso
prévio. As Escrituras que falam da Vinda (Parousia) de Cristo, como um ladrão,
são: *Mt 24.53; Lc 12.38; 1Ts 5.2, 4; Ap 3.3; 16.15). A expressão: “como um
ladrão de noite” em (2Pd 3.10), não se aplica à segunda Vinda de Cristo, mas ao
“dia do Juízo Final”, e expurgação de céus e terra. A palavra “ladrão”, com
esse sentido, no grego hodierno é Kleptós, indica alguém que normalmente não
rouba com violência, mas que obtém sucesso com suas habilidades imprevisíveis,
em contraste com outro vocábulo, “Lestes”, que significa “assaltante”, aquele
que se apossa do alheio por meio da violência. (As próprias autoridades
judiciais distinguem, entre o furto e o roubo). Segundo um exegeta, a frase
empregada neste versículo, é “Hleptós”, e indica uma forma “invisível”,
“inesperada”, de alguém, em direção de algo precioso, como por exemplo: “um
tesouro” (Israel). Sl 135.4: “uma pérola” (a Igreja). Mt 13.44-46 e ss). Esse
deva ser o significado do pensamento aqui e nos textos que se seguem.
5 - “...e comigo andarão de branco”.
- “Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não
contaminaram seus vestidos, e comigo andarão de branco; porquanto são
dignos disso”.
- O branco é a cor da retidão, da pureza e inocência. Os sacerdotes
acusados, mas justificados diante do Sinédrio (O Sinédrio. É o vocábulo grego synedrion (do qual o termo
hebraico sanhedrin é uma palavra emprestada). No NT o termo se refere à suprema
corte judaica composta de 70 membros e um presidente: O Sumo Sacerdote)eram vestidos com um manto branco como sinal de sua inocência. (Ver o que diz Judas V.23: “...aborrecendo até a roupa manchada da carne”). Esse
“andar” referido no presente texto,
é presente e escatológico, isto
é, em companhia de Cristo
em todos os tempos (cf. Ec 9.8). Durante toda História de Israel,
Deus preservou para Sl um
“remanescente”, e
durante toda História da Igreja
aqui na terra, o mesmo acontecerá. “O remanescente de Israel não
cometerá iniqüidade, nem proferirá
mentira, e na sua boa não se achará
língua enganosa; Porque serão
apascentados, deitar-se-ão,
e não haverá quem os espante” (Sf
3.13). Verdade é que nem todos
em Israel e na Igreja,
andariam de branco com
Jesus, mas “alguns”. É esta
reserva moral que durante
todos os períodos de apostasia é
louvado pelo Senhor (cf. 1Rs 19.18; Is 1.9; Ez capítulo 9;
Rm capítulo 11). Àqueles que
não “contaminaram seus vestidos”, Jesus
os chamou de “dignos”. Este elogio
parece único nas sete Igrejas
da Ásia Menor; e só foi dito
às pessoas fiéis da igreja de Sardes, pois
todo o restante dela estava morto.
6 –
“...Livro da vida”
- “O que vencer será vestido de
vestes brancas, e de maneira
nenhum riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome
diante de meu Pai e diante dos seus anjos”.
- Referências bíblicas ao “Livro
da Vida” se acham em (Êx 32.33; Sl 69.28; Dn 12.1; Fl 4.3.
Também se pode comparar isso com trechos como Lucas 10.20 e Hebreus 12.23).
Passagens similares sobre o mesmo assunto podem ser vistas em (Dn 7.10; Ap 13.8
e 20.12, 15). Há referências nos escritos pagãos às idéias contidas neste
versículo. Dentro da astrologia babilônica, poderíamos considerar o próprio
Zodíaco como o livro ou tabletes sobre os quais eram escritos a vontade divina
e o destino humano.
7 - E confessarei o seu nome.
- A presente passagem lembra o que disse Jesus a seus discípulos:
“Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens eu o confessarei diante
de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32). Isto é, “testificar que pertence a
Mim”. No final das contas, o discipulado secreto é impossível, pois depois da
Morte de Cristo, não é mais aceito essa maneira de proceder (Jo 19.38). No
contexto de Mateus 10.34 e 39, esta confissão pública de fé em Cristo acarreta
divisões e conflitos, primeiramente na vida da família, depois do mundo.
8 - “Quem tem ouvidos, ouça o que
o Espírito diz às igrejas”.
- A presente recomendação da parte de Cristo é feita também nos
Evangelhos (Mateus e Marcos), sobre a forma: “Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça” (Mt 13.9, 43 e Mc 4.23, etc). No texto em foco, a recomendação é feita a
todas as igrejas, e se repete nos capítulos 2 e 3 por sete vezes (2.7, 11, 17,
29; 3.6, 13, 22). Os “ouvidos” de um homem são a sua sensibilidade espiritual,
e o seu “ouvir” é o uso dos meios espirituais que produzem mudanças em seu
íntimo, conforme se vê exigido nas advertências e promessas anteriores. A
expressão, no dizer de Vincent: “...é usada sempre acerca de verdades radicais,
grandes princípios básicos e grandes promessas”. As sete cartas deveriam ser
“lidas” nas igrejas (Ap 1.3). Poucas pessoas poderiam “lê-las” pessoalmente,
mas todos poderiam “ouvir” a leitura dessas instruções. “O ouvido que ouve! Um
dos mais solenes estudos da Bíblia inteira é aquele concernente ao “ouvido que
ouve” (Alford, in loc).
(Apocalípse
versículo por versículo, Severino Pedro da Silva – págs. 51 – 54. CPAD.
CONCLUSÃO
- O cenário em que
vivia a igreja em Sardes, embora espiritualmente se encontrava morta, era de
pura superficialidade, pois vimos na carta estudada, em suma, a denúncia de que
a igreja se encontrava infestada pelo pecado da corrupção. Jesus não apresentou nenhuma “nova mensagem”
para eles a não ser o que costumeiramente já vinha dizendo para as demais
igrejas...: “...arrepende-te”, pois essa foi e ainda é a posição para qualquer
indivíduo fazer parte do Reino de Deus (Mt 3:1-11).
Bibliografia
Bíblia Plenitude
(ARC)
(Bíblia Aplicação Pessoal, página 1809)
(Apocalípse
versículo por versículo, Severino Pedro da Silva – págs. 51 – 54. CPAD.
Apontamentos
Teológicos do Autor
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre
Comentarista: Pastor Josaphat Batista - Credenciado CEADEB 5.651 - CGADB 28.509
Presidente do Campo da Assembléia de
Deus na cidade de Ibotirama-Ba. Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior,
Bacharel em Teologia Convalidado pelo MEC, Membro do CEECRE (Conselho Estadual
de Educação e Cultura Religiosa), Diretor da ESTEADI (Escola Teológica da
Assembléia de Deus em Ibotirama, Conferencista, Seminaristas, Escritor e
fundador dos Congressos EBD no Campo de Camaçari-Ba.
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